Hoje começo por apresentar, em meu nome e de toda a equipa deste jornal, os mais profundos sentimentos de pesar às famílias dos compatriotas Inocêncio de Matos e Margarida Manuel, vítimas da ditadura do regime.
Aliás, em homenagem a essas duas figuras, deixamos uma página negra nesta edição. Uma das formas, julgamos, de prestar homenagem a dois rostos de uma causa de todos nós, uma causa nobre.
Aproveitamos a oportunidade, já agora, para agradecer a solidariedade que temos recebido, na sequência do processo-crime que Carolina Cerqueira moveu contra este jornal. Mas é importante deixar claro que esta Acção não nos abala, só nos torna, pelo contrário, bem mais fortes, como foi com os processos anteriores. Até parece uma regra, assim é todos os anos.
Feita a homenagem e apresentados os agradecimentos, avancemos para o que está em causa neste editorial! O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, continua a dar sinais contrários à sua bandeira de governação, que é o combate à corrupção.
Em entrevista ao O Crime, o activista Nito Alves diz que, três dias antes da manifestação do dia 11 de Novembro, foi contactado por elementos do governo de João Lourenço, que o tentaram corromper para desistir dos protestos pela marcação das autarquias e contra a subida do nível de vida, que está, como sabemos, associada ao fenómeno que se quer combater.
O recente encontro do Secretário da JMPLA, Crispiniano dos Santos, com artistas de kuduro foi marcado por promessas de apoios financeiros a produtores e cantores. Pode-se pintar da melhor maneira possível, tudo isto desemboca no fenómeno do momento: CORRUPÇÃO.
Mas há mais. Henriques Miguel, ou simplesmente Riquinho, qual fénix, surge num vídeo, depois de longos anos em travessia no deserto, a dizer que tinha sido autorizado a negociar com os líderes dos vários movimentos revolucionários.
O objectivo, segundo o empresário, era parar com as manifestações a troco de oportunidades de empregos, negócios e casas próprias. Isto não tem outro nome, senão CORRUPÇÃO.
Trata-se de um recuo muito grave, uma vez que deixa evidente que João Lourenço não tem uma agenda institucional ou de nação para melhorar o país.
Assiste-se a uma espécie de governação do barro à parede para ver se cola e, no final, tudo continua na mesma.
Foi nojento assistir, novamente, a uma espécie de oficialização da corrupção e da bajulação em Angola.
O PR começa a perder algumas das poucas coisas que ainda possuía, o moral, acima de tudo, depois de ter criado leis que endurecem a situação do país.
O Governo com ‘pés de barro’ sentiu o abalo provocado pelas duas manifestações, que motivaram o uso da força, ao lado da arrogância.
Nada, entretanto, que resolva os problemas dos angolanos, com a cesta básica em destaque. Saúde, educação e uma economia estável são outras necessidades, senhor Presidente!
Mariano Brás | In Facebook