Na costa de Djibuti, 34 imigrantes etíopes foram empurrados violentamente por traficantes para fora de um barco que não conseguiu chegar à Arábia Saudita. Incidente resultou em pelo menos oito mortos, anunciou a OIM.
Pelo menos oito imigrantes etíopes morreram afogados e outros 12 estão desaparecidos depois de traficantes os terem atirado de um barco ao largo da costa do Djibuti, no Corno de África.
“Segundo testemunhas sobreviventes, que foram resgatadas pela Organização Internacional das Migrações (OIM), três traficantes empurraram violentamente jovens homens e mulheres para fora do barco que estava em mar aberto”, denunciou Yvonne Ndege, porta-voz da OIM, este domingo (04.10)
Outros 14 imigrantes sobreviveram e estão a receber cuidados médicos, afirmou. Os oito cadáveres foram levados para a costa e enterrados pelas autoridades em Djibuti.
A OIM estima que todos os migrantes são etíopes que regressavam ao Corno de África depois de não terem conseguido chegar à Arábia Saudita através do Iémen, devido ao encerramento da fronteira Covid-19.
Ndege disse que havia 34 pessoas a bordo e que o barco se dirigia para a cidade de Obock, um importante ponto de trânsito em Djibuti para milhares de imigrantes africanos na região que tentavam chegar ao Golfo.
“Sabe-se que os traficantes exploram os imigrantes nesta rota desta forma, muitos tendo de pagar grandes somas para facilitar a viagem” recordou Ndege.
Que rota é esta?
Esta passagem do Iémen para o Djibuti é o caminho inverso da rota habitual destes imigrantes que procuram trabalho nas nações mais ricas do Golfo, sobretudo na Arábia Saudita.
A pandemia da Covid-19 e o conflito no Iémen tornaram a viagem mais perigosa e alguns migrantes têm estado a voltar.
O estreito de Bab el-Mandeb que separa o Djibuti do Iémen é invulgar na medida em que vê migrantes e refugiados a passar em ambas as direcções – barcos carregados de iemenitas a fugir para África para escapar à guerra, enquanto outros seguem na direção oposta transportando migrantes africanos para a Península Arábica em busca de melhores oportunidades.
Imigrantes arriscam afogamento
De acordo com a agência das Nações Unidas para as Migrações, só nas últimas três semanas chegaram ao Djibuti cerca de 2.000 imigrantes provenientes do Iémen. A maioria tenta regressar a casa na Etiópia, Somália e outras nações da África Oriental e do Corno de África.
Em 2017, cerca de 50 imigrantes da Somália e da Etiópia foram “afogados deliberadamente” quando um contrabandista os forcou a sair para o mar da costa do Iémen.
Em 2018, pelo menos 30 imigrantes e refugiados morreram quando um barco virou na costa do Iémen. Os sobreviventes reportaram tiros.
Em janeiro de 2019, pelo menos 58 imigrantes – na sua maioria etíopes – afogaram-se depois de duas embarcações que os transportavam do Djibuti para o Iémen se terem afundado.