Analistas apontam impacto da Covid-19 como um dos constrangimentos que agravaram o mandato de João Lourenço, enquanto Chefe de Estado, marcado por exonerações, nomeações e combate à corrupção.
Os três anos de governação do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, a assinalar-se este sábado, 26, foram marcados por algumas mudanças “tímidas”, com destaque para o combate à corrupção.
Dentre os aspectos mais notáveis, destacam-se as exonerações, marca negativa segundo o jurista Albano Pedro, uma vez que não dão tempo sequer ao exonerado de apresentar o seu programa ou projecto.
“Há um conjunto de exonerações e nomeações, por intervirem no espaço público”, referiu.
“Pela primeira vez, o MPLA fez uma campanha racional, identificando os problemas estruturantes, sociais e económicos”, reconheceu Albano Pedro.
O especialista considerou, igualmente, a possibilidade de João Lourenço poder vir a ter um segundo momento, entendendo que o primeiro não passou de um combate à corrupção, embora baseado apenas na privação da liberdade, ao invés da recuperação de capitais.
Do seu ponto de vista, noutras áreas como a económica e social, não houve progresso, como, por exemplo, na comunicação social, que, no princípio, aparentava ter maior abertura, mas hoje “encaramos a liberdade de imprensa abalada, com a captura para esfera do Estado de alguns grupos privados”.
Já o reverendo Tony Nzinga admite não ser fácil herdar o fardo deixado por JES, mas afirma que algo mudou, com destaque para a liberdade de expressão e o exercício de cidadania nos diferentes níveis.
“O adiamento das autarquias é um dos pontos que defraudaram as expectativas dos cidadãos, agravadas com o surgimento da Covid-19, revelando fragilidades da nossa economia”, considerou.
Em relação à criação de empregos, Tony Nzinga diz que sempre se manifestou incrédulo quanto à sua concretização, por lhe parecer ser uma ilusão, dada a crise económica que já se arrasta há alguns anos.
“Quando se falava dos 500 mil empregos, eu sabia que não seria possível alcançá-los, nem se sabe quantos estão desempregados”, salientou, manifestando a necessidade de sermos mais realistas. O PIIM, por exemplo, é uma boa ideia, mas questiono como é que foi concebido”, atirou.
Já Albano Pedro, na senda de constrangimentos por conta da Covid-19, destacou agravamento da liberdade de movimento, um dos grandes motores da economia.