O director do Programa Africano da Chatham House, Alex Vines, considerou hoje que a má governação e a corrupção são um dos principais entraves ao crescimento das empresas em África, defendendo comércio em vez de ajuda.
“Segundo centenas de entrevistas que fizemos em vários países africanos, o maior impedimento para o crescimento das empresas é a má governação e a corrupção”, disse o responsável durante a sua participação no debate que marcou o início do segundo dia do Fórum Euro-África.
Para Alex Vines, a questão da corrupção e da má governação em África só é possível de resolver mudando o paradigma da relação com a Europa, que tem avançado de uma relação entre doador e recipiente para uma relação mais comercial.
“Há um nivelamento entre a Europa e o continente africano, afastaram-se da relação doador-receptor para uma relação que enfatiza mais o comércio, o que é positivo, mas convém lembrar que há países que ainda precisam de ajuda ao desenvolvimento, e não há uma receita única que sirva todos os 54 ou 55 países em África”, disse o académico que estuda o continente africano.
A pandemia, defendeu, está a mudar a maneira como a Europa encara as suas cadeias de abastecimento, obrigando a uma diversificação das importações, que têm de estar menos dependentes da Ásia em geral e da China em particular.
“A dependência da Europa das cadeias de abastecimento da Ásia expõe a Europa, e é por isso que estamos a assistir a um aumento dos investimentos europeus na África Ocidental, por exemplo na área farmacêutica, com planos para a abertura de fábricas nessa região”, disse, salientando que também os asiáticos estão a aumentar o investimento em África.
“Há um fortalecimento da trajectória de investimento asiático na África Oriental, com a Malásia, o Japão, a China, a investirem na região, e assistimos também ao alargamento da relação entre a África Ocidental e a Europa, não apenas por proximidade geográfica, mas por razões geopolíticas”, defendeu o analista.
Intervindo no debate com o título “Made in Africa: Emerging & Fast Track Business”, a directora da empresa de saúde Flying Doctors, Ola Orekunrin considerou que a corrupção “não é um problema africano, mas sim global” e defendeu que “o dinheiro que sai de África acaba em bancos europeus ou asiáticos”.