Após dois dias em Beirute, o Presidente Emmanuel Macron fez esta quarta-feira, 2 de Setembro, uma breve escala em Bagdad, onde prometeu apoio contra as ameaças jihadistas e as ingerências externas, bem como lançar uma iniciativa, sob égide da ONU, para que o Iraque resgate a sua soberania.
Esta visita relâmpago a Bagdad, nesta quarta-feira, 2 de Setembro, é a primeira do Presidente Emmanuel Macron ao Iraque, ele foi o primeiro dirigente ocidental a encontrar-se com o novo primeiro-ministro Moustafa al Kadhimi, em funções desde Maio, que disse ter abordado com o Presidente francês a eventual construção de uma central nuclear sob controlo da AIEA.
A França tem tropas no Iraque no quadro da operação internacional Chammal que combate o Estado Islâmico.
Paris tenta encontrar um novo equilíbrio na região e pretende lançar uma iniciativa sob a égide da ONU – cujos contornos são ainda pouco claros – para ajudar o Iraque a afirmar a sua “soberania” à margem das tensões entre os seus dois principais aliados: Estados Unidos e Irão.
Macron foi recebido no palácio presidencial pelo seu homólogo Barham Saleh e em conferência de imprensa conjunta prometeu apoiar o país face aos principais desafios com que se confronta: a ameaça jihadista do Estado Islâmico, que nos últimos meses aumentou os ataques, no momento em que os Estados Unidos anunciaram a redução de um terço das tropas norte-americanas presentes no Iraque.
O segundo desafio para o Iraque são as ingerências externas múltiplas que duram há vários anos, disse o Presidente francês, sem precisar quais os países visados, mas na mira estão os Estados Unidos, Irão e à Turquia, que mantém ilegalmente tropas no norte do Iraque, para combater os rebeldes curdos do PKK.
Isto no momento em que Ancara e Paris se digladiam num verdadeiro braço de ferro no Mediterrâneo Oriental, onde a Turquia faz prospecção de hidrocarbonetos, numa zona cuja jurisdição entre a Grécia, Chipre e da Turquia ainda não está estabelecida, sendo que as reivindicações destes três países se sobrepõem numa vasta área.
Macron deve abordar esta questão com os responsáveis curdos, que convidou a deslocarem-se a Bagdad, mas não se deslocou a Erbil, na região autónoma do Kurdistão iraquiano.
Tal deve-se sem dúvida à degradação da situação de segurança no país, mas os temas na mesa são múltiplos e variados, dado que o Iraque atravessa neste momento múltiplas crises: sanitária, como em todo o mundo, mas também económica, social e política.
O Iraque teve até Maio três primeiros-ministros em dez semanas e viveu uma vaga de contestação sem precedentes no ano passado durante meses a fio, para denunciar a corrupção das elites, face às dificuldades quotidianas da população, a repressão das manifestações de protesto causou centenas de mortos.