A detenção e a possível extradição do empresário colombiano, considerado enviado especial da Venezuela, Álex Saab para os Estados Unidos da América continua a dominar atenções depois de dois empresários cabo-verdianos próximos ao poder terem sido denunciados como tendo ido a Caracas para encontros com as autoridades locais.
A oposição na voz do PAICV considera que o Governo deve explicar melhor os contornos dessa viagem, bem como os reais motivos que levaram à demissão do presidente deo Conselho de Administração da empresa pública Emprofac, Gil Évora, um dos apontados na referida vagem.
Por sua vez, o partido no poder, MpD, considera que o Executivo agiu bem ao afastar o referido gestor da liderança da empresa pública de importação e comercialização de produtos farmacêuticos e exorta as autoridades judiciais a investigarem o caso.
Para o embaixador na reforma Fernando Wahnon, não há motivos para grande polémica, tendo em conta que o Governo já disse que não enviou ninguém para missão à capital venezuelana.
“É certo que se fosse para negociar alguma coisa, provavelmente não seriam as pessoas que foram. Estaremos mais ou menos de acordo sobre isso, penso que é consensual “, diz o diplomata.
O antigo embaixador nas Nações Unidas não pensa que este caso possa criar alguma dificuldade para o país, porquanto o Governo deixou bem claro que não mandou nenhuma missão.
Por seu lado, o antigo governante e analista política, José António dos Reis, entende que se deveria aprofundar mais quanto às razões para a demissão de Évora na gestão da citada empresa pública.
“Penso que em democracia, a oposição tem direito e obrigação de chamar o Governo ao Parlamento para dar todos os esclarecimentos sobre essa matéria. Não estou de acordo que seja tratado na praça pública”, realça Reis.
Sobre a eventualidade de uma investigação judicial, “penso que não se deve passar a bola às instâncias da justiça, mas sim o Executivo a solicitar a intervenção do Ministério Público caso julgar necessário”, acrescenta o também psicólogo.
No que se refere à detenção de Álex Saab, José António dos Reis considera haver pormenores que não estão suficientemente esclarecidos, como o fato da detenção ter acontecido um dia antes do alerta vermelho da Interpol e a questão da imunidade diplomática.
“Essas questões não estão esclarecidas e isso faz com que haja sérias dúvidas relativamente a lisura e a transparência do processo”, afirma o antigo ministro da Comunicação Social do Governo do MpD, na década de 1990.
O Tribunal de Relação de Barlavento decidiu pela extradição de Álex Saab para os Estados Unidos, onde é acusado de lavagem de dinheiro.
A Venezuela pede a sua libertação e a defesa recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça, que ainda não tomou uma decisão.