Ex-polícia e a sua mulher são suspeitos de serem os autores de dezenas de ameaças de morte conotadas com a extrema-direita que foram enviadas nas últimas semanas a várias figuras públicas na Alemanha.
O Ministério Público de Frankfurt (região de Hesse, centro da Alemanha) anunciou esta segunda-feira (27.07) que o casal, um homem de 63 anos e uma mulher de 55 anos, foi detido na sexta-feira (24.07) na sua casa em Landshut (a nordeste da cidade de Munique, no sul), tendo sido posteriormente libertado.
Segundo as autoridades, o casal vai aguardar o desenrolar da investigação em liberdade. O ex-polícia já tinha sido identificado no passado “por ligações com a extrema-direita”, de acordo com a mesma fonte.
O casal é suspeito da prática de crimes de incitamento ao ódio e de descrédito dos órgãos constitucionais.
Os investigadores suspeitam que o casal terá enviado várias mensagens por correio electrónico (‘emails’), mensagens de texto via telemóvel (SMS) e por fax assinadas com o nome “NSU 2.0”, numa aparente referência ao grupo de extrema-direita “Nacional Socialismo Clandestino”, que entre 2000 e 2007 matou dez pessoas, maioritariamente imigrantes.
Os alvos das ameaças
Entre os destinatários destas mensagens constam políticos, nomeadamente da esquerda alemã, uma artista e uma advogada reconhecida por defender refugiados.
O ministro do Interior do Estado federado alemão de Hesse, onde a primeira mensagem foi revelada no início de Julho, avançou recentemente que pelo menos 69 mensagens deste tipo tinham sido enviadas a cerca de 30 políticos ou figuras públicas em oito regiões do país.
Segundo indicou Peter Beuth, os dados pessoais da maioria das vítimas estavam disponíveis livremente na Internet, mas no caso concreto de três vítimas os dados tinham sido pesquisados a partir de computadores da polícia.
A omissão do comandante da polícia regional
Na mesma ocasião, o Ministério do Interior de Hesse divulgou que o comandante da polícia regional, Udo Münch, tinha apresentado demissão e pedido a reforma antecipada, assumindo ter omitido do ministro as suspeitas de ligações à extrema-direita que existiam sobre agentes que comandava.
As suspeitas divulgadas esta segunda-feira (27.07) sobre o ex-polícia de 63 anos e a sua mulher estão a ser encaradas como outro duro golpe para as forças de segurança alemãs, que estão a ser cada vez mais criticadas pelos supostos vínculos de vários dos seus membros a movimentos de extrema-direita.
A região de Hesse é considerada um bastião da extrema-direita, depois do assassínio, há cerca de um ano, de um autarca pró-imigração, Walter Lübcke. Foi também nesta região que um homem matou em Fevereiro nove pessoas de origem estrangeira a tiro.