A petrolífera francesa Total completou o financiamento de mais de 16 mil milhões de dólares que garante o investimento no projeto de gás natural em Moçambique, o maior investimento direto estrangeiro de sempre em África.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, a petrolífera francesa já assinou todos os contratos legais e financeiros para garantir os 16 mil milhões de dólares, cerca de 14 mil milhões de euros, necessários para avançar com o investimento na bacia do Rovuma, na província nortenha de Cabo Delgado.
Apesar do abrandamento no investimento em energia e das perturbações causadas pela pandemia de Covid-19 na economia global, a francesa total assegurou o maior investimento direto estrangeiro de sempre, segundo a sociedade de advogados White & Case LLP, que assessorou os financiadores.
Entre os financiadores do projeto que tem o potencial de mudar a economia de Moçambique, oferecendo pelo menos 50 mil milhões de dólares (44 mil milhões de euros) ao Governo durante os 25 anos de vigência do contrato de exploração do gás natural, a Bloomberg destaca o Banco Africano de Desenvolvimento, que participou com 400 milhões de dólares (351 milhões de euros), o Banco do Japão para a Cooperação Internacional, com 3 mil milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros), e ainda um empréstimo do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), para além da participação de outros agentes económicos.
Projeto custa 23 mil milhões de dólares
No total, o projeto conhecido como Mozambique LNG terá um custo de 23 mil milhões de dólares, mais de 20 mil milhões de euros, e manteve os prazos, ao contrário do projeto liderado pela Exxon Mobil, apelidado de Rovuma LNG, que foi adiado devido às descida dos preços e aos efeitos da pandemia.
O diretor-geral da Total em Moçambique, Ronan Bescond, classificou em junho como “um feito memorável” conseguir fechar, na conjuntura atual, o projeto financeiro. A petrolífera francesa mantém o ano de 2024 como prazo previsto para a primeira entrega de GNL, esperando-se atingir a plena produção (13,12 milhões de toneladas/ano) em 2025.
O consórcio tem contratos de venda fechados sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, da Shell e da britânica Cêntrica.
A Total lidera o consórcio da Área 1 com 26,5%, ao lado da japonesa Mitsui (20%) e da petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo outras participações à indiana ONGC Videsh (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).acordo de cooperação militar marítima em
Cooperação militar marítima em discussão com a França
A privíncia de Cabo Delgado, onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, é palco de um conflito há mais de dois anos e meio, onde se estima que já tenham morrido, pelo menos, 700 pessoas e que 250 mil já tenham sido afetadas.
Moçambique e França estão a discutir um acordo de cooperação militar marítima, disse hoje à Lusa fonte diplomática no país europeu, depois de questionada sobre um eventual apoio no combate ao terrorismo em Cabo Delgado. “Nenhum apoio militar operacional foi fornecido a Cabo Delgado pelas autoridades francesas, mas um acordo de cooperação militar no campo marítimo está atualmente em discussão”, referiu.
A França fez da luta contra aquele tipo de violência “uma prioridade na sua ação internacional” e já “expressou o seu apoio às autoridades moçambicanas na luta contra o terrorismo islâmico em Cabo Delgado”, oferecendo-se para “compartilhar a sua experiência”, acrescentou.