Polícia não descarta hipótese de se tratar de “um recrutamento para engrossar fileiras dos terroristas” que têm levado a cabo os ataques nesta província. Naufrágio de quarta-feira (03.06) deixou, pelo menos, 12 mortos.
A embarcação, superlotada, com 46 pessoas a bordo, e que acabou por naufragar, partiu na noite de terça-feira (02.06) do distrito de Memba, em Nampula, com destino a Mocímboa da Praia. O objectivo da viagem, segundo relataram alguns sobreviventes, era pescar numa das ilhas daquele distrito costeiro de Cabo Delgado. No entanto, o mau tempo fez com que o barco naufragasse, já na madrugada de quarta-feira (03.06).
Em entrevista à DW África, o marinheiro da embarcação conta o que aconteceu. “Estávamos a ir em direcção à ilha Timbose [distrito de Mocímboa da Praia]. Mas, no trajecto, o mau tempo originou uma onda gigante que nos derrubou. Na segunda onda, naufragámos”.
A bordo, não existia material de socorro e salvamento. Uma das sobreviventes conta que se agarrou a bidões que havia no barco. “Quando conseguimos chegar à margem, encontrámos dois homens e pedimos-lhes que nos encaminhassem às autoridades. E explicámos o que nos tinha acontecido.”
O naufrágio, ocorrido entre os distritos de Pemba e Mecufi, resultou na morte de pelo menos 12 pessoas por afogamento, entre as quais 10 crianças. Mas aventa-se a possibilidade de haver outras vítimas.
Porquê pescar em Mocímboa da Praia?
34 sobreviventes, incluindo idosos, adultos e crianças, encontram-se retidos na 3ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique da cidade de Pemba, para mais investigações. Isto porque, segundo Augusto Guta, porta-voz da polícia em Cabo Delgado, há várias versões entre os sobreviventes. “Um dado interessante é que [há sobreviventes] que dizem que saíram de Mocímboa da Praia para Pemba para irem à pesca. Porquê Mocímboa da Praia? Este é um trabalho [de investigação] que ainda estamos a fazer”, nota.
A polícia não descarta a possibilidade de se tratar de um recrutamento para engrossar as fileiras dos terroristas que atacam a província de Cabo Delgado há mais de dois anos e que, nos últimos meses, intensificaram as investidas contra algumas sedes distritais.
“Há aqui uma informação que ainda estamos a trabalhar para trazer aqui dados suficientes, se este é um grupo que estaria a ser recrutado para ir engrossar o grupo de terroristas ou é um grupo necessariamente de indivíduos que vão apenas praticar a pesca”, explica Augusto Guta.