A Procuradora-Geral da República (PGR) de Moçambique, Beatriz Buchilli, denunciou a falta de cooperação dos Estados Unidos da América no processo de investigação do chamado caso “dívidas ocultas”, o que, segundo ela, tem atrasado o seu trabalho.
A embaixada dos Estados Unidos em Maputo promete responder em breve.
“Apesar das inúmeras insistências, a última das quais, após o julgamento de Jean Boustani, um dos envolvidos neste processo, que correu termos num tribunal de distrital em Nova Iorque, continuam sem responder aos nossos pedidos, prejudicando, assim, as investigações e a celeridade que se impõe, contra todos os princípios de colaboração estabelecidos pelas convenções internacionais”, afirmou a PGR, acrescentando que esse posicionamento é “contra todos os princípios de colaboração estabelecidos pelas convenções internacionais”.
Buchilli falava na apresentação do relatório sobre a situação criminal e processual de 2019 nesta quarta-feira, 20, na Assembleia da República, que esteve centrado no processo das dívidas ocultas.
A PGR reclamou ainda a legitimidade de Moçambique ser o único país capaz de garantir a responsabilização do antigo ministro das Finanças, Manuel Chang, detido na África do Sul desde 29 de Dezembro de 2018, e de outros envolvidos no escândalo.
No entanto, enumerou ter activado a cooperação jurídica com Portugal, África do Sul, Argélia, Líbano e Reino Unido, no âmbito das investigações às dívidas ocultas.
Beatriz Buchili considerou o atraso no processo de extradição Manuel Chang, para Moçambique, como um dos entraves do caso.
Em conexão com as dívidas ocultas, 20 cidadãos moçambicanos foram constituídos arguidos e aguardam procedimentos judiciais.
Num processo autónomo, disse Buchili, foram constituídos 10 arguidos, dos quais quatro estrangeiros e seis moçambicanos, incluindo Manuel Chang.
A identidade dos outros nove arrolados não foi apresentada.
Do lado das bancadas surgiram algumas questões, ainda sobre o processo das dívidas ocultas.
Aires Ali, da Frelimo, desenterrou as revelações do julgamento de Brooklyn, em Nova Iorque, que teve como arguido, o franco-libanês, Jean Boustani, e exigiu informações sobre o chamado “New Man”, referenciado durante o processo.
Uma questão à qual a PGR deve responder na sessão de amanhã, 21.