Uma nova onda de raptos preocupa empresários moçambicanos. Nos últimos sete dias foram registados dois casos envolvendo empresários de origem asiática.
Na semana passada foi raptado o empresário indiano Rizwan Adatia, na Matola, Maputo; e esta semana, em Chimoio, Yassin Anwar, filho de um empresário daquela cidade de Manica, no centro do país.
Entre Janeiro e Março foram raptados, pelo menos dois empresários de Maputo e Beira, nomeadamente Manish Cantilal e Faizel Patel.
Face ao cenário, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) pede uma acção enérgica por parte das autoridades para acabar com este mal que pode afugentar os investidores.
“O não esclarecimento de raptos anteriores alimenta a possibilidade de os mesmos autores possam desenvolver estas acções maléficas continuamente”, diz Onório Boane, da CTA.
A Polícia frequentemente diz não ter pistas para investigar estes casos, o que para professor universitário Mohamed Yassine está relacionado com o facto de existir dentro da corporação elementos coniventes.
Envolvimento policial
“Se continuarmos a ter sinais de existência de elementos de segurança nos raptos, como aconteceu há dois meses, com o baleamento de alguns elementos da SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) que estiveram envolvidos em raptos, será muito difícil a polícia dar um esclarecimento claro”, diz Yassine.
Para o advogado Arlindo Guilamba este tipo de crime deveria merecer outra acção por ministério público.
“Já tivemos vários casos que não estão a ter esclarecimento e acabam e esquecidos e os processos arquivados sem que tenhamos qualquer tipo de retirado palpável”, comenta Guilamba.
Teia complexa
Muitos casos de rapto culminam com a libertação das vítimas, sem nunca se saber se houve ou pagamento, o que para os analistas está relacionado com receio de represálias.
“Tivemos recentemente um cidadão da Matola que foi raptado por dois meses e que no final foi libertado de uma forma que ninguém sabe dizer se foi pago resgate ou não,” diz Yassine.
Ele diz ainda que “um mês depois, a polícia identificou a casa (esconderijo) e uma parte das pessoas que estiveram directamente ligadas, mas em nenhum momento ouvimos dizer se essas pessoas receberam dinheiro…e como é que receberam o dinheiro,” o que ajudar na investigação de outros casos.
“Há aqui uma teia complexa que é preciso desmontar,” apela Guiamba.