As acções da fabricante brasileira de aviões Embraer desceram mais de 11% na Bolsa de São Paulo nesta segunda-feira (27), após o anúncio, no último sábado, do rompimento de seu processo de fusão com a americana Boeing.
Às 11h13, as acções da terceira fabricante mundial de aviões caíam 11,84%, depois de afundarem mais de 15%, enquanto o índice Ibovespa dos principais valores ganhava 3,41%.
A Boeing anunciou no sábado que desistiu de adquirir a divisão de aviões comerciais da Embraer. Em resposta, a empresa brasileira acusou o grupo com sede em Seattle de romper “indevidamente” o acordo e de apresentar “falsas alegações” para não cumprir o compromisso, anunciado em 2018, de pagar 4,2 biliões de dólares.
Tanto Boeing quanto Embraer enfrentam a crise do sector aéreo provocada pela pandemia do novo coronavírus. Desde o início do ano, as acções da Embraer perderam 65%.
A empresa americana também enfrenta os problemas com o modelo 737 MAX, proibido de voar há mais de um ano após dois acidentes que mataram 346 pessoas.
Boeing e Embraer apostavam na aliança para enfrentar a parceria concluída entre o grupo europeu Airbus e a canadense Bombardier, que compete com a Embraer no segmento de aeronaves com capacidade para entre 120 e 150 passageiros.
O presidente Jair Bolsonaro indicou nesta segunda-feira que a Embraer, uma empresa privatizada em 1994 mas na qual o Estado conserva uma “golden share” (que permite intervir em questões estratégicas), pode buscar outros sócios.
“Estamos avaliando. Tem ‘golden share’, é minha, eu que assino. Se o negócio for realmente desfeito, talvez recomece uma nova negociação com outra empresa”, declarou o presidente, que deseja reforçar a aproximação económica e diplomática com os Estados unidos.