O responsável do Museu dos Reis do Kongo, Luntadila Lunguana, advogou, nesta terça-feira, em Mbanza Kongo, Zaire, a definição de um estatuto de autonomia administrativa e financeira.
Em declarações à Angop, o técnico local da cultura justificou que, com este estatuto, seria facilitado o processo de recuperação de peças furtadas do museu e a aquisição de outras novas de valor cultural excepcional.
Na visão do interlocutor, fica difícil convencer qualquer cidadão que tenha em sua posse uma peça retirada deste museu a devolve-la de forma gratuita, daí a necessidade da existência de um fundo próprio para assegurar este mecanismo.
Neste âmbito, defendeu a necessidade da rentabilização do serviço museológico, que passaria pela cobrança de entradas ao recinto ou seu interior por visitantes, cujas receitas se reverteriam para o pagamento de subsídios aos funcionários eventuais que prestam actividade de limpeza, jardinagem e preservação do seu acervo.
Afirmou que o museu vai ficando cada vez mais pobre, em termos de acervo, por falta de uma política de reposição das peças extraviadas, assim como a aquisição de novas.
Sugeriu, igualmente, a elaboração e aprovação de um plano de desenvolvimento, que considerou ser um instrumento fundamental para a concretização de uma política virada para a investigação científica que envolva a sociedade e a comunidade académica.
Considerou, ainda, haver exiguidade de espaço nas actuais instalações do museu que carece de salas para recepção, leitura, depósitos, tratamento e exposição de peças de reservas e de uma biblioteca de consulta.
O responsável informou que de Janeiro a Agosto do presente ano, o museu registou oito mil e 48 visitantes, entre nacionais e estrangeiros, dos quais quatro mil e 841 do sexo masculino e três mil e 207 do sexo feminino, menos dois mil turistas que o período homólogo de 2018.
Do número, 624 foram estrangeiros, com predominância para os cidadãos da República Democrática do Congo (392), Congo Brazzaville (14), Portugal (39), França e China, entre outros países.
Com 92 peças expostas e 16 em regime de reserva, o acervo do museu dos Reis do Kongo está repartido em quatro principais grupos de acordo à sua importância.
O primeiro grupo corresponde as peças que retratam aspectos históricos, geográficos e políticos, nomeadamente retratos, mapas sobre o território que abarcava o antigo Reino do Kongo e respectivos reis que passaram pelo trono, bem como o carimbo.
O segundo bloco espelha a organização socioeconómica do Reino do Kongo, nomeadamente o testemunho do domínio da tecnologia de fundição do ferro e do metal.
Quanto a terceira parte, o museu detém peças que testemunham o culto ancestral, nos domínios da música e comunicação à distância, enquanto o quarto grupo retrata a abertura do Reino do Kongo ao mundo ocidental.
O edifício principal que alberga o Museu dos Reis do Kongo foi no passado uma residência real construída em 1903, até a última sucessão do trono ocorrida na década de 1960. Após a independência nacional, a residência tornou-se como Museu do Reino do Kongo.
O recinto permaneceu encerrado durante anos devido ao conflito armado, tendo reaberto de forma definitiva em 2007, após beneficiar de obras de restauro e ampliação, passando desta feita a designar-se Museu dos Reis do Kongo.
O edifício está classificado como património cultural nacional, acto que antecedeu a elevação deste centro histórico e cultural como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, a 08 de Julho de 2017.
Projecto de novo Museu ainda em carteira
Um novo Museu, a denominar-se “Museu do Reino do Kongo”, está projectado para ser edificado em Mbanza Kongo nos próximos tempos, devendo reunir o espólio dos países que antes integravam o território Reino do Kongo: Angola, RDC, Congo Brazzaville e o Gabão.