Vital Kamere, o influente director de gabinete do Presidente Félix Tshisekedi, está a ser acusado de ter desviado 15 milhões de dólares americanos, tirados das receitas petrolíferas, noticia a AFP.
Segundo esse órgão de informação francesa, tudo começou quando o Tesouro público depositou 100 milhões de dólares à empresas petrolíferas, para compensar as suas perdas, em que o Estado deveria recuperar um desconto de 15 % do mesmo valor.
Um relatório da Inspecção-geral das Finanças, datado de 17 de Julho, que a AFP teve acesso, denuncia que o desconto não beneficiou ao Estado.
“Os 15% foram depositados numa conta de um “Comité de monitorização dos produtos petrolíferos”, uma irregularidade que viola as disposições legais e os regulamentos que regem as finanças públicas”, sublinha o relatório.
Porém, um outro documento intitulado ‘’Extrato de contas’’, carimbado pelo banco privado, “Raw Bank”, que circula nas redes sociais, mostra que tal depósito foi efeito a 20 de Junho de 2019, na conta do comité de monitorização dos preços dos produtos petrolíferos.
Recorde-se que foi em Julho último, que a Inspecção-geral das finanças recomendou investigar o caso, depois da suspeita de desvio do valor acima, citando Vital Kamerhe como o responsável.
Segundo esse órgão de informação francesa, as ONG nacionais congolesas questionam-se sobre o papel de Vital Kamerhe, no desvio do valor do Tesouro público.
Nos meados de Agosto, a Agencia Nacional de Reconhecimento (ANR), Serviços Secretos da RDC, instaram a Inspecção-geral das finanças a auditar as despesas dos ministérios do governo cessante do Primeiro-ministro, Bruno Tshibala.
Na altura especulava-se que o inquérito visava a gestão das finanças públicas pela Presidência da República.
O Movimento para a cidadania, Luta para a Mudança (LUCHA), anunciou “uma marcha pacífica, marcada para esta quarta-feira, 06 de Setembro, para pedir contas à Presidência da República, que já foi proibida pelas autoridades de Kinshasa.
Vital Kamehe, de 60 anos, uma pedra bazilar de Kabila, durante as negociações inter-congolesas para a pacificação da RDC, foi simultaneamente, ministro da Comunicação Social do governo de Transicão (2004 a 2006), e presidente da Assembleia Nacional, no consulado de Joseph Kabila, de 2007 a 2009.
Em contradição com o antigo chefe do Estado, por causa da entrada de tropas rwandesas na RDC, em 2009, sem a autorização do Parlamento, o mesmo foi forçado a demitir-se do cargo.
Em 2010, fundou o partido União para a Nação Congolesa (UNC) e, na eleição presidencial de Novembro de 2011, saiu em terceiro lugar, atrás de Etienne Tshisekedi Wa Mulumba, pai do actual Presidente da República.
Durante o encontro dos opositores políticos, na Suíça, em Novembro de 2019, foi o mentor do abandono do acordo sobre a escolha de Martin Fayulu como candidato único do LAMUKA, tendo criado o CACH com Félix Tshisekedi, que viria a ganhar a eleição presidencial, uma vitória considerada controversa, depois das várias sondagens terem atribuído vitoria à Martin Fayulu.
Caso as acusações se confirmem, elas seriam um balde de água fria na governação de Tsisekedi, que no seu programa prometeu com bater seriamente a corrupção, mas cujo executivo é maioritariamente dirigido pela Frente Comum para o Congo (FCC), de Joseph Kabila.