25 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

CIP: Moçambicanos pagam cada vez mais pelas campanhas eleitorais

PARTILHAR

DW África

Os eleitores moçambicanos pagam cada vez mais pela campanha eleitoral dos partidos sem que estes prestem contas detalhadas sobre o dinheiro que gastam. A denúncia é do Centro de Integridade Pública de Moçambique.

A contribuição dos eleitores para o financiamento estatal às campanhas dos partidos políticos quase duplicou desde 2004, revela um estudo do Centro de Integridade Pública (CIP), divulgado esta terça-feira (06.08).

Segundo o investigador do CIP Aldemiro Bande, enquanto em 2004 a contribuição de cada eleitor era de quatro meticais, o equivalente a cerca de 6 cêntimos de euro, em 2014 passou a ser de sete meticais, aproximadamente 10 cêntimos.

Este valor vai aumentar ainda mais nas eleições deste ano. Prevê-se um incremento de 19% no financiamento público aos partidos, comparativamente a 2014, estimando-se que custe 85 milhões de meticais, o equivalente a mais de um milhão e duzentos mil euros, observa o CIP.

Prestação de contas

Aldemiro Bande critica o facto de não serem apresentadas ao cidadão as razões que ditam estes aumentos, nem justificações pormenorizadas sobre o dinheiro que já foi gasto.

“Da análise feita aos relatórios de contas, que são apresentados pela Comissão Nacional de Eleições [CNE] depois do processo eleitoral, percebe-se que os mesmos não disponibilizam informações detalhadas sobre os gastos efetuados pelos partidos políticos com os fundos do Estado”, afirmou Bande numa conferência de imprensa em Maputo.

O investigador acrescenta que os critérios de elegibilidade definidos pela CNE para o acesso ao financiamento público permitem que partidos com histórico negativo de prestação de contas continuem a receber fundos do Estado.

“Apesar de muitos partidos não prestarem contas, grosso modo não prestam contas, não houve ainda nenhum processo instaurado contra os partidos que não o fazem”, diz Aldemiro Bande.

Igualdade no tratamento dos partidos

O CIP espera que a CNE não aprove as candidaturas dos partidos registados para as eleições deste ano que não justificaram em 100% o valor recebido nas últimas eleições gerais em 2014.

A organização não-governamental recomenda ainda que sejam estabelecidos mecanismos mais rígidos de monitoria dos gastos dos partidos para evitar desvios de aplicação. E defende a alocação atempada dos recursos públicos com base em critérios mais justos de distribuição, de modo a salvaguardar a igualdade no tratamento dos partidos concorrentes.

“Os critérios de financiamento definidos pela CNE nas eleições de 1999, 2004 e 2009 favoreceram as principais forças concorrentes. Só a FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, no poder] e a RENAMO [Resistência Nacional Moçambicana] receberam cerca de 51% do total dos fundos”, recordou o investigador do CIP, Aldemiro Bande.

“Para este ano, a definição dos critérios de alocação não tomará em conta o princípio de representação proporcional, fazendo com que não haja um fundo específico do Estado que seja canalizado especificamente aos partidos com assentos na Assembleia da República”, explica.

Para o CIP, o financiamento da campanha dos partidos pelo Estado é uma medida necessária para garantir uma competição eleitoral equilibrada entre as formações políticas.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Botswana e Moçambique duas visões opostas da África Austral

Estes últimos dias, ocorreu uma história de duas transições na África Austral. Primeiro as boas notícias. O Botswana, com...

Vários mortos nas manifestações em Moçambique

Várias cidades de Moçambique foram este sábado (02.11) palco de protestos contra os resultados eleitorais. Há registo de, pelo...

Tensão política em Moçambique atinge ponto crítico após eleições contestadas

Os moçambicanos preparam-se para mais turbulência política na sequência do apelo do líder da oposição, Mondlane, para uma semana...

Crise política agrava-se em Moçambique com manifestantes e jornalistas atacados esta manhã em Maputo pela polícia

A Polícia moçambicana dispersou esta manhã, 21 de outubro, uma manifestação no centro de Maputo, convocada pelo candidato presidencial...