Activistas seguem exigindo participação oposicionista em eleições legislativas, desta vez sem cartazes nem palavras de ordem, mas contra forte contingente policial. Justiça investiga fundação de líder Nawalny.
Segundo avança a DW, pelo menos 600 pessoas foram detidas neste sábado (03/08) em Moscovo, durante uma manifestação não autorizada exigindo a inscrição dos candidatos da oposição nas eleições à Assembleia Legislativa da capital russa, em 9 de Setembro.
De acordo com dados da organização não governamental russa OVD-Info, que oferece assistência jurídica aos presos em manifestações políticas, uma das primeiras detidas foi a líder oposicionista Lyubov Sobol, jurista do Fundo de Luta contra a Corrupção, a quem as autoridades eleitorais negaram a inscrição da candidatura. Ela está há 20 dias em greve de fome, reivindicando seu direito de concorrer às eleições.
Num vídeo publicado no Twitter , veem-se vários agentes de capacete rodearem o táxi de Sobol, um deles a arranca do veículo com violência. Em seguida, em meio a uma multidão de fotógrafos, colocam num furgão a ex-advogada da ONG Fundação Anti-corrupção (FBK).
As autoridades moscovitas prepararam um grande dispositivo policial para impedir a manifestação oposicionista, com o emprego até de helicópteros. As forças de segurança posicionaram ao longo do Anel dos Boulevards barreiras metálicas e autocarro de transporte de presos, e a internet ficou fora do ar no centro da capital russa. A extensão das avenidas e o carácter disperso da manifestação dificultou a contagem dos que atenderam à convocação.
“Pedimos aos cidadãos que não obstruam a passagem. Esta acção é ilegal e a participação nela pode acarretar sanções”, afirmavam as advertências policiais transmitidas por alto-falantes. Outro alerta, com voz feminina, lembrava aos cidadãos que os membros da Guarda Nacional, mobilizada pelas autoridades, “são seus filhos”.
No sábado anterior, a polícia dispersara violentamente uma manifestação convocada pelo mesmo motivo. Num recorde desde 2012, segundo a OVD-Info, foram detidos cerca de 1.400 participantes, entre os quais quase todos os líderes que convocaram o protesto. Durante a semana, eles foram condenados a diversas penas de detenção administrativa.