27 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Daviz Simango diz-se preocupado com contestação de guerrilheiros da RENAMO

PARTILHAR

Chamado a comentar o fim das hostilidades militares no país, líder do MDM alerta para a necessidade de se promover a inclusão no país para não se “abrir uma porta para a insurgência no futuro” que prejudique o acordo.

De acordo com a DW, o líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, sugeriu, em entrevista à Lusa, que a contestação de uma ala da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana, maior partido da oposição) à liderança do partido e do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) social, iniciado esta semana, resulta da falta de transparência.

O líder da terceira força política moçambicana chamou a atenção para a necessidade de se promover a inclusão, para não se “abrir uma porta para a insurgência no futuro” e prejudicar o acordo de cessação de hostilidades militares.

“Não basta a gente assinar por assinar, para transportarmos a imagem de que em Moçambique há ciclos eleitorais em paz”, disse Daviz Simango, em alusão ao acordo de cessação das hostilidades, assinado a 1 de agosto na Gorongosa.

Para o líder do MDM, “é preciso falar com as pessoas, aproximá-las, ouvi-las e resolver os problemas, e é preciso compreender qual é a expectativa (…) porque a expectativa pressupõe que as pessoas acreditavam no seu envolvimento militar, e acreditavam que depois teriam alguma coisa” disse, em relação à cisão na ala militar da RENAMO.

Em causa estão as contestações de um grupo liderado pelo major-general da RENAMO Mariano Nhungue e que se autodenomina Junta Militar da Renamo. O grupo exige a renúncia do líder do partido, Ossufo Momade, acusando-o de estar a “raptar e isolar” oficiais da Renamo que estiveram sempre ao lado do antigo presidente do partido, Afonso Dhlakama, que morreu a 03 de maio do ano passado.

“Nós temos consciência de que parte das pessoas, que eventualmente não estejam integradas, são pessoas que cumpriram a sua missão no processo de criação e no desenvolvimento da própria democracia. Entretanto são pessoas úteis e são pessoas importantes na nossa sociedade, são nossos irmãos, são pessoas amáveis”, precisou Daviz Simango, que defendeu a publicação da lista dos guerrilheiros a integrar para a transparência do processo de DDR.

“As pessoas querem a paz, todos eles querem integração, único problema aqui é a comunicação, é o problema de ouvir, e assegurar as motivações”, sublinhou, sustentando que “o moçambicano não tem interesse nenhum em, de ciclo eleitoral em ciclo eleitoral, estar a gastar os pacatos recursos financeiros” para gestão de conflitos provocados por intolerâncias políticas.

A autoproclamada Junta Militar da Renamo ameaçou quarta-feira (31.07) com ações militares se o Governo moçambicano insistir em negociar com o presidente do partido, considerando que o processo do diálogo viola o espírito dos acordos de paz celebrados pelo líder histórico do partido, Afonso Dhlakama.

Na próxima semana deverá ser assinado, em Maputo, um acordo de paz mais amplo, e que prevê a integração nas forças de segurança do contingente armado da Renamo.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Botswana e Moçambique duas visões opostas da África Austral

Estes últimos dias, ocorreu uma história de duas transições na África Austral. Primeiro as boas notícias. O Botswana, com...

Vários mortos nas manifestações em Moçambique

Várias cidades de Moçambique foram este sábado (02.11) palco de protestos contra os resultados eleitorais. Há registo de, pelo...

Tensão política em Moçambique atinge ponto crítico após eleições contestadas

Os moçambicanos preparam-se para mais turbulência política na sequência do apelo do líder da oposição, Mondlane, para uma semana...

Crise política agrava-se em Moçambique com manifestantes e jornalistas atacados esta manhã em Maputo pela polícia

A Polícia moçambicana dispersou esta manhã, 21 de outubro, uma manifestação no centro de Maputo, convocada pelo candidato presidencial...