RFI | João Matos
O Japão e a Coreia do Sul impuseram hoje restrições comerciais recíprocas num contexto de aumento das tensões entre os 2 países relacionados com diferendos históricos. Tóquio receia que material japonês tenha uso material enquanto Seul acusa os japoneses de desestabilizar relações de confiança e de cooperação entre os 2 países.
Tóquio e Seul impuseram hoje restrições comerciais recíprocas num contexto de aumento das tensões entre os 2 países relacionadas com diferendos históricos.
O Japão decidiu primeiro riscar a Coreia do Sul de uma lista de Estados que beneficiam de um tratamento de favor, medida vista como uma sanção por Seul que replicou na mesma proporção e ameaçou não renovar um acordo de partilha de informações militares.
A medida japonesa entra em vigor a 28 de Agosto, precisou o ministro nipónico do Comércio e Indústria, Hiroshige Seko.
As autoridades japonesas baixaram a Coreia do Sul na categoria de Estados A, isentos de autorização para comprar produtos sensíveis de fabricantes japoneses, para aquele de Estados B, que requer autorização especial obrigatória.
O Japão, demonstra com isso que o seu vizinho não é fiável e que tem de garantir antes de exportar que a Coreia do Sul não vai utilizar materiais e equipamentos idos do Japão para fins outros, nomeadamente militares.
Mas a tensão aumenta entre Tóquio e Seul, sob fundo de diferendos que vêm da ocupação colonial da Península coreana por Japão de 1910-1945), que envenenam as suas relações há muitos anos.
Em Seul, o governo reagiu rapidamente retirando o Japão da sua lista branca de parceiros comerciais privilegiados. O que Tóquio faz desestabiliza fundamentalmente as relações de confiança e de cooperação entre os dois países, acusou o ministro sul-coreano das Finanças, Hong Nam-ki.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, fulminou “esta acção egoísta que infligirá prejuízos enormes à economia mundial perturbando a cadeia de abastecimentos”, instando Tóquio a “rever logo que possível a suas medidas unilaterais e injustas e dialogar”.
Esta escalada surgiu quando os ministros dos Negócios estrangeiros dos 2 países, o japonês, Taro Kono e a sul-corana, Kang Kyung-wha, estavam reunidos em Banguecoque, à volta do chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que se mostrou disponível para os ajudar a encontrar uma solução para a crise.