DW África
A final da Taça das Nações Africanas disputa-se esta sexta-feira, no Cairo. Senegal procura o primeiro título e a Argélia o segundo. E o duelo entre Sadio Mané e Riyad Mahrez não passará despercebido.
Todas as atenções do mundo do futebol estarão viradas esta sexta-feira (19.07), às 21h00 (UTC) para o estádio Internacional do Cairo, palco da final da 32ª edição da Taça das Nações Africanas (CAN). Frente a frente: as selecções do Senegal e da Argélia.
Este será o quinto embate na história do CAN entre estes dois conjuntos, sendo que os anteriores dão vantagem à Argélia, que venceu em três encontros, e há registo de um empate.
História partilhada à parte, o facto é que este é um jogo de tudo ou nada para os senegaleses, que já não chegavam a uma final do CAN há 17 anos. E agora procuram conquistar o seu primeiro título do Campeonato Africano de Futebol. As melhores posições já conseguidas pelos Leões Teranga, alcunha da selecção senegalesa, foram o 2º lugar, em 2002, e o 4º, em 2006.
Enquanto isso, os argelinos vão em busca do segundo troféu da sua história, depois de terem sido campeões em 1990. Nesta fase final do CAN, que decorre na terra dos Faraós, os argelinos são detentores do melhor ataque, com um total de 12 golos.
Manuel Bucuana, Tico-Tico, antigo internacional moçambicano e capitão da selecção moçambicana de futebol, não tem dúvidas: esta sexta-feira é dia de espectáculo de futebol. A parte mais difícil é prever quem será o vencedor. ʺA expectativa é enorme. Mas, em termos de resultado, penso que cada uma das equipas tem qualidades suficientes para puder ganharʺ, diz o antigo capitão dos Mambas, para quem ʺhá condimentos para uma partida explosiva, espera-se que haja um bom jogo, um bom espectáculo e que os amantes do futebol possam se deliciarʺ.
Já Manuel Moreira, comentador desportivo moçambicano, não tem tantas expectativas: “Vai ser um jogo calculista, assim como foi o da Nigéria contra a Tunísia. Todos tentam marcar e não sofrer golos, por isso é que estes jogos nunca são de encher o olho”.
Duelo de estrelas
Outro facto não menos importante nesta final é a rivalidade de estrelas, como Sadio Mané e Riyad Mahrez. Mané, de 27 anos, é a principal estrela da actualidade na selecção senegalesa e, sem dúvida, uma das referências deste CAN. O atacante do Liverpool da Inglaterra é internacional pelo Senegal há sete anos, com 64 jogos, e já marcou 18 golos. Foi o segundo colocado na votação do melhor jogador africano de 2018, tendo sido superado pelo seu companheiro de equipa, o egípcio Mohamed Salah.
Do lado argelino, Riyad Mahrez, a estrela do Manchester City, de 28 anos, é a maior referência. Internacional desde 2014 e com 53 jogos pela selecção, o meio-campista apontou o golo da vitória da turma argelina, nas semifinais diante da Nigéria. Foi o seu 13º tento pela selecção.
Na contabilidade individual, o camisa 7 da formação magrebina já venceu o prémio do futebolista africano do ano em 2016.
ʺEu penso que os dois inspiram mais nas suas equipas. Cada um à sua maneira. Mahrez tem aquela qualidade incrível, exímio em bolas paradas. Mas também temos o Mané que é um jogador rápido e forte a atacarʺ, considera Tico-Tico.
ʺRiyad Mahrez é um jogador que joga de trás para frente, muito experiente, pelo que poderá ser mais útil para a sua equipaʺ, observa por sua vez Moreira, assinalando que ʺMané é um finalizador. Neste jogo das finais, onde as equipas defendem muito a zona, ele poderá ter algumas dificuldades em ter bolaʺ.
As duas estrelas não lutam apenas pelo prémio colectivo – o título para as suas selecções, mas também procuram vencer a disputa pela bota de ouro (melhor marcador) da prova, uma vez que até à entrada nesta partida, os dois têm 3 golos cada.
Na frente segue o nigeriano Odion Ighalo, que comanda a lista de melhores marcadores, com 5 golos. O avançado do Shanghai Shenhua, da primeira liga chinesa, contabiliza 12 golos de toda edição do CAN 2019, sendo sete marcados na fase de qualificação.
O jogo da final será dirigido por Victor Gomes, um árbitro sul-africano, de origem portuguesa. Gomes tem 36 anos e é árbitro FIFA desde 2012. Manuel Moreira analisa a eleição do sul-africano para este jogo da final do CAN.
“É um bom árbitro e já o demonstrou no campeonato sul-africano. Se não tivesse essas qualidades não apitaria uma final”, considera Moreira, para quem, “a África Austral está subindo em todas as modalidades, tivemos cinco equipas neste CAN e agora uma arbitragem da região na final”.
Aliou Cissé prestes a fazer história?
Aliou Cissé é o seleccionador senegalês desde 2015. Com 43 anos, representou o Senegal enquanto jogador em 28 jogos, entre 2000-2009. Disputou dois CANs e um Mundial (2002). Aliás, Aliou Cissé fez parte da chamada geração de ouro do Senegal. Marcou presença no frenético jogo no Estádio 26 de Março em Bamako, no Mali, quando a selecção do Senegal falhou o título, em 2002, na marcação das grandes penalidades frente aos Camarões.
Cissé não guarda boas lembranças da partida. Foi o responsável por bater o último penalti, na série dos cinco para o Senegal, e falhou, deixando escapar o troféu para os leões indomáveis. Cissé carrega até hoje esta má lembrança, tal como admitiu depois do jogo da semi-final com a Tunísia.
“Nossa filosofia é fazer um jogo de cada vez e tentar jogar o melhor futebol para apagar a decepção de 2002. É um sonho ganhar o título da AFCON não só para Cissé, mas para todo o povo senegalês. Estamos a dois passos de realizar esse sonho que não poderíamos alcançar em 2002”, disse o técnico, destacando o facto de o seu conjunto estar bem próximo se sagrar campeão africano.
Djamel Belmadi
O treinador da Argélia disse esta quinta-feira (18.07), em conferência de imprensa, no Cairo, reconhecer o poderio dos senegaleses, por estes serem a melhor equipa no ranking da FIFA no continente africano, ocupando a posição 25, mas garante que isso não preocupa o seu conjunto – que está disposto a lutar pelo título.
Belmadi, citado pela página oficial da Confederação Africana de Futebol (CAF), assegura: “Vamos representar o nosso país da melhor forma e temos que respeitar o país que somos”
“Estamos 100% prontos para a final”, garante.
Os campeões
O CAN disputa-se pela 32ª vez. O Egipto lidera a lista dos países com mais títulos. São sete títulos, em (1957, 1959, 1986, 1998, 2006, 2008 e 2010). O campeão em titulo Camarões segue com cinco (1984, 1988, 2000, 2002 e 2017), uma a mais do que Gana (1963, 1965, 1978 e 1982).
A Nigéria possui três troféus (1980, 1994 e 2013), contra dois de Costa do Marfim (1992 e 2015) e República Democrática do Congo (1968 e 1974). Mais abaixo seguem as selecções da Etiópia (1962), Sudão (1970), Congo (1972), Marrocos (1976), Argélia (1990),
África do Sul (1996), Tunísia (2004) e Zâmbia (2012) com um título cada.