A Primeira-Dama de Angola, Ana Dias Lourenço, defendeu segunda-feira, em Nova Iorque (EUA), que a educação continua a ser o objectivo fundamental para superar barreiras e melhorar as oportunidades de vida das pessoas de todas as idades e origens, escreve a Angop.
Ana Dias Lourenço intervinha na 2ª reunião do Grupo de Mulheres Líderes pela Igualdade do Género, que destacou como tema “Empoderamento das mulheres como elemento chave em prol do desenvolvimento sustentável”, numa iniciativa da presidente da 73ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, Maria Fernanda Espinosa Garcés. A primeira reunião aconteceu em Janeiro deste ano.
Nesta base, partilhou que no domínio do empoderamento feminino, o Governo de Angola tem como prioridade melhorar a qualidade do sistema de educação, para reforçar a capacidade das mulheres, em particular das jovens, a fim de permitir a participação activa em todos os aspectos da vida da sociedade.
Disse haver, igualmente, da parte do executivo a perspectiva que abrange a inclusão escolar, a igualdade do género no acesso ao ensino a todas as meninas e meninos, assim como desenvolvem-se programas para erradicar o analfabetismo como factor principal de desenvolvimento humano, considerando também como um meio de combate a pobreza.
Exemplificou a sua plataforma, criada em em Março de 2018, denominada “Transforme vida, seja mulher”, enquanto espaço direccionado à jovem mulher de vários extractos da sociedade, com intuito de motivá-las a assumir o seu papel de agente de mudança e influência nas suas comunidades.
Nesta plataforma, reflectem-se algumas questões actuais consideradas essenciais e que preocupam o quotidiano da jovem mulher angolana, como a saúde da mulher e a saúde mental, a economia doméstica, as finanças pessoais e o empreendedorismo e o activismo social e político.
“Pretendemos com este espaço que estejamos todos juntos, sobretudo jovens raparigas e rapazes, para que possamos partilhar ideias sobre o empreendedorismo”, afirmou Ana Dias Lourenço.
Falou igualmente de uma iniciativa denominada Muika, que na língua tradicional Kimbundu significa Iluminar, que é um espaço que liga e capacita as mulheres empreendedoras no desenvolvimento do seu negócio.
Informou que a nível da sociedade civil e com a participação de outros organismos, realizar-se-á, ainda este ano, um fórum de empreendedorismo feminino, onde, durante uma semana, a cidade capital (Luanda) vai acolher o maior encontro de mulheres empreendedoras dos diferentes sectores de Angola, assim como uma semana global de empreendedorismo, sob o lema “Empodera uma mulher, transforma Angola”, que decorrerá no mês de Novembro.
Fez saber que esses exemplos sobre empreendedorismo e desenvolvimento sustentável realçam a força e o poder de mobilizar e capacitar a mulher para que, efectivamente, os seus anseios sejam uma realidade.
Firsou que, em Angola, há muitas empresas criadas e presididas por mulheres e que têm despertado algum interesse por causa dos produtos que fazem, que são inovadores e também com um grande impacto social.
A Primeira-Dama ressaltou a importância e o papel que o empreeendedorismo feminino pode desempenhar no desenvolvimento económico, na difusão da inovação, na criação de emprego e na transformação e sustentabilidade tanto da economia informal, como nas economias local e rural.
“Hoje, já se está para além do reconhecimento de igualdade de direitos cívicos e políticos ou de direitos económicos e sociais. A igualdade de género está cada vez mais presente na vida familiar, no combate ao assédio e violência contra as mulheres, mas também na vida política e, fundamentalmente, na vida empresarial, onde são cada vez mais frequentes os casos de mulheres líderes ou dirigentes de empresas de todas as dimensões e sectores”, frisou.
De acordo com Ana Dias Lourenço, estudos realizados por instituições, como o Banco Mundial, evidenciam o papel das mulheres na diversificação económica e na redução da pobreza, quer nos países em desenvolvimento, nos mais industrializados, como na procura e implementação de soluções inovadoras para os problemas de gestão.
Sublinhou, todavia, que apenas 30 % de negócios e empresas dos países da OCDE são detidos por mulheres, o que significa haver ainda um caminho duro a percorrer.
Disse, igualmente, denotar-se que as mulheres, quando apostam num percurso de empreendedorismo, começam por negócios de menos dimensão e num número mais reduzido de sectores e, normalmente, ganham menos 30 a 40% do que obtêm os homens, mas desenvolvem melhores oportunidades em actividades novas de pequenas e média dimensão, dando um forte contributo para diversificação e desenvolvimento de iniciativas ambientalmente mais sustentáveis
A Primeira-Dama reconheceu, porém, que as mulheres empreendedoras enfrentam diversas dificuldades, sendo as mais frequentes o acesso ao crédito e ao capital, ambiente de negócio mais restritivo, regulação de negócios mais desfavoráveis, barreiras culturais e preconceituosas sobre a mulher empresária, assimetrias a informação económica e de negócios, segregação educacional e profissional, dificuldade em conciliar vida familiar com vida empresarial e a própria fragilidade do movimento associativo das mulheres empresárias.
Assim, apontou como prioridades para o desenvolvimento de um empreendedorismo sustentável o estabelecimento de redes de informação para as mulheres empreendedoras, tanto a nível nacional como internacional, a necessidade de se promover e divulgar a troca de experiências, conhecimentos e inovação de boas práticas femininas, a criação de redes online de apoio técnico de gestão e contabilidade a mulher empreendedora, o combate à segregação horizontal (nos sectores de ciência e tecnologia, de educação, formação e nos sectores de sociais, entre outras).