A aproximação entre alguns líderes da plataforma LAMUKA e o Presidente congolês, Félix Tshisekedi, começa a perturbar a coligação Frente Comum para o Congo (FCC), liderado por Joseph Kabila, e o CAH do Chefe do Estado congolês, noticiou hoje o jornal de Kinshasa “Le Potentiel”.
O diário sublinha que alguns quadros da FCC consideram que tal aproximação poderá ter uma influência negativa num eventual acordo para governar o país.
Recorde-se que na República Democrática do Congo (RDC) alguns líderes do LAMUKA, nomeadamente Antipas Mbusa Nyamwisi e Freddy Matungulu, exprimiram já abertamente o seu desejo de trabalhar com Félix Tshisekedi, visando a boa gestão do país.
Um está a trabalhar no leste do país, a sua região de origem, para ajudar o Presidente a mobilizar a população local para o combate ao ébola, enquanto o outro foi indicado para ocupar o lugar da RDC no Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
Perante este quadro e de acordo com o mesmo jornal, alguns quadros da FCC prevêem graves problemas caso Tsisekedi trabalhe com os opositores saídos do LAMUKA, porque, no seu ponto de vista, influenciariam negativamente o acordo assinado durante o processo eleitoral que culminou com a eleição do actual Presidente da República.
De acordo com o JA, trata-se de uma saída que surge num contexto difícil para o LAMUKA, que já vive problemas internos, não conseguindo traçar uma linha política comum com Martin Fayulu, candidato derrotado nas eleições presidenciais, e a vontade de Moïse Katumbi, de fazer uma “oposição republicana”, uma posição também já assumida por Jean-Pierre Bemba, líder do Movimento de Libertação do Congo (MLC).
Ébola em Goma
As autoridades de saúde congolesa detectaram o primeiro caso de ébola na cidade de Goma, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, confirmou domingo o ministro da Saúde, Oly Ilunga.
De acordo com a agência Associated Press, o primeiro caso confirmado em Goma, que faz fronteira com o Rwanda, é um pastor que esteve na cidade de Butembo. Esta confirmação marca uma escalada no surto de ébola na RDC, que começou em Agosto do ano passado e é já o segundo mais mortífero da história.
Mais de 1.600 pessoas morreram na zona leste do país, quando o vírus se espalhou em zonas demasiado perigosas para o acesso das equipas de saúde.
Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou que não vai autorizar a realização de novos tratamentos experimentais para combater a epidemia de ébola no país para evitar “confusão” entre a população.
O combate à epidemia de ébola na RDC tem sido dificultado pela presença de um conflito armado nas principais áreas afectadas, assim como por uma desconfiança da população na intervenção médica. Enquanto isso, dois responsáveis comunitários que trabalham nas campanhas de prevenção contra o ébola foram assassinatos domingo no leste da RDC, indicou hoje, o Ministério da Saúde.
As vítimas foram mortas nas suas casas situadas entre as localidades de Beni e Butembo, província do Kivu-Sul, e já recebiam ameaças desde 2018, noticiou a AFP, que cita o boletim diário sobre a epidemia de ébola do Ministério congolês da Saúde.
Várias fontes atribuem estas mortes ao facto de os assassinos terem atacado as vítimas por estas terem conseguido empregos no combate ao ébola.
O Ministério da Saúde e os seus parceiros, a começar com a Organização Mundial da Saúde (OMS), decidiram implicar os habitantes e os seus representantes no combate à “resistência” dos habitantes da região em aceitar o tratamento da doença.