Reuters / por Philip Pullella
O papa Francisco disse nesta segunda-feira que “ninguém está isento” de ajudar imigrantes, uma refutação indireta ao ministro do Interior linha-dura da Itália, Matteo Salvini, que vem tentando fechar os portos de seu país a navios de resgate de imigrantes não-governamentais.
Francisco rezou um missa a portas fechadas especialmente para os imigrantes na Basílica de São Pedro no sexto aniversário de sua viagem a Lampedusa, ilha do sul italiano à qual dezenas de milhares de imigrantes do norte da África chegaram nos últimos anos. Milhares morreram no mar tentando realizar a travessia.
“Estes mais desamparados (entre nós) são abandonados e ludibriados para morrer no deserto; estes mais desamparados são torturados, abusados e violentados em campos de detenção; estes mais desamparados enfrentam as ondas de um mar implacável; estes mais desamparados são deixados em campos de recepção tempo demais para serem chamados de temporários”, disse Francisco.
A missa foi transmitida pela televisão, mas jornalistas e o público em geral foram barrados para se preservar a intimidade da ocasião. Ela teve a presença de cerca de 250 pessoas, inclusive imigrantes, voluntários e representantes de grupos da Igreja e de outras organizações que ajudam imigrantes.
Mulheres com vestidos africanos tradicionais seguravam bebés.
No mês passado, a Itália adotou novas regras que ameaçam navios de ONGs que entrarem em suas águas territoriais sem permissão de receberem multas pesadas e serem apreendidos. Um capitão foi preso.
A política imigratória levou a choques entre ONGs e as autoridades.
O governo italiano de coligação, que inclui o partido de extrema-direita Liga, de Salvini, também acusou outros países europeus de deixá-lo sozinho para lidar com os recém-chegados pelo mar.
No domingo, mais imigrantes saídos de um navio de resgate, que violou a proibição de Salvini pela segunda vez em uma semana, chegaram às suas praias.
“Os mais fracos e vulneráveis precisam ser ajudados”, disse o papa em sua homilia nesta segunda-feira.
“Esta é uma tremenda responsabilidade, da qual ninguém está isento, se desejamos cumprir a missão de salvação e libertação para a qual o próprio Senhor nos conclamou a cooperar”.