O antigo director-geral adjunto para a área Técnica do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), Rui Manuel Moita, admitiu esta quarta-feira, 26, em tribunal, que foram feitos vários depósitos nas suas contas bancárias por empresas prestadoras de serviço ao CNC, mas não sabe explicar porquê.
Rui Manuel Moita é o quarto réu a ser interrogado no âmbito neste julgamento, onde a figura principal é o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, que se encontra preso preventivamente deste Setembro de 2018.
De acordo com o Novo Jornal Online, Na sessão desta quarta-feira, o ex-director-geral adjunto do CNC começou por ser questionado se participou da reunião onde foi criado o programa de bolsas de estudo.
O réu respondeu que participou, pese embora não ter opinado, visto que a ideia veio do seu superior, o então director-geral do CNC, Agostinho Itembo, que está foragido.
O réu disse ainda que não viu mal na criação deste programa de bolsas, pois o propósito era formar os familiares e funcionários do CNC, e que nenhum participante no encontro, na altura, questionou.
Perguntado quem iria pagar as despesas das bolsas, Rui Manuel Moita respondeu que o então director-geral do CNC, Agostinho Itembo, disse que seria o CNC e que alguns seriam pagos pelos agentes certificadores de cargas.
Questionado se usou dinheiro do CNC para custear as suas despesas pessoas, o réu negou, acrescentando que nunca teve acesso aos dinheiros na qualidade de director-geral adjunto.
Interrogado sobre quem pagou a seu tratamento no exterior do País, Rui Moita respondeu que foi o CNC, através dos agentes certificadores de cargas em Berlim, na Alemanha, com a devida autorização do Ministro dos Transportes, Augusto Tomás.
Durante o interrogatório, o juiz presidente, Joel Leonardo, perguntou ao réu porque é que ele e os outros cobravam comissões às empresas prestadoras de serviço no CNC e se isso era prática recorrente.
Rui Manuel Moita respondeu que não é verdade que ele e outros colegas cobrassem comissões a empresas e que nunca participou de nenhuma reunião em que os mesmos tenham exigido comissões, nem ouviu que eles cobravam às empresas, conforme acusação do Ministério Público (MP).
Rui Moita salientou que recebeu, sim, dinheiro nas suas contas bancarias várias vezes, mas que não sabe dizer por que motivo esses dinheiros foram lá parar.
“Senhor venerando Juiz, esses dinheiros podem ter sido uma gratificação, porque eu nunca pedi absolutamente nada”, disse o réu, acrescentando que o ex-director Agostinho Itembo o tinha informado que também depositou na sua conta bancaria valores de gratificação que havia recebido, e que foi o réu Eurico da Silva quem o fez, mas que não se recorda dos valores que lhe foram depositados.
Perguntado se conhece a empresa Real Imobiliária, respondeu que sim, mas porque é que essa empresa depositou na sua conta dinheiro, o réu disse não saber as razões.
Quando o tribunal tentou saber quem forneceu os números das suas contas bancárias, respondeu também não saber.
Aos juízes disse ainda desconhecer a razão para que a empresa BB Comercial tivesse depositado na sua conta cerca de 43 mil dólares.
O interrogatório do réu Rui Manuel Moita, antigo director-geral adjunto para área Técnica do Conselho Nacional de Carregadores, prossegue amanhã, quinta-feira.
De recordar que na sessão de ontem, terça-feira, o réu Manuel António Paulo disse que em 2009, quando ocupava o cargo de secretário-geral do Ministérios dos Transportes, recebeu ordem directas do ex-ministro dos Transportes para que contratasse uma empresa de segurança da qual Augusto Tomás era o proprietário, para prestar serviço no Ministério.