Os governos do Brasil e da Argentina abriram discussões para fazer avançar a longo prazo a ideia de uma moeda comum, chamada, por enquanto, de “peso-real” – disse nesta sexta-feira (7) o presidente Jair Bolsonaro, antes de deixar Buenos Aires após uma visita oficial.
“Um primeiro passo para o sonho de uma moeda única na região do Mercosul. O peso-real. Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso-real aqui. Pode acontecer. É o primeiro passo”, afirmou Bolsonaro ao deixar seu hotel na capital argentina antes de retornar ao Brasil, segundo o jornal La Nación, citado pela AFP.
A ideia surgiu em uma reunião entre os ministros da Economia dos dois países em Abril.
“Temos conversado sobre isso há um tempo com meu colega brasileiro Paulo Guedes e, por enquanto, é uma ideia que compartilhamos”, disse o ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, à Radio Mitre.
Para ser concretizado, o projecto levará muito tempo, pois requer a aprovação dos Parlamentos dos dois países e um processo de convergência fiscal e monetária, além da criação de um Banco Central supranacional.
“Argentina e Brasil têm que se integrar mais e abrir suas economias entre nós e com o mundo. Estamos expostos aos mesmos choques externos, dependemos fortemente de nossas exportações de commodities, e nossas moedas se movem com uma correlação de eventos internacionais. Ter mais estabilidade levaria a mais comércio, mais crescimento e menor inflação”, argumentou Dujovne.
O peso argentino se desvalorizou quase 59% desde Janeiro de 2018.
Antes de deixar Buenos Aires, Bolsonaro voltou a se referir às eleições presidenciais de Outubro na Argentina, para as quais expressou seu apoio a Mauricio Macri, que busca um segundo mandato.
“Não queremos o socialismo, ou o comunismo, na região”, disse o presidente brasileiro.
Bolsonaro fez na quinta-feira sua primeira visita oficial a Buenos Aires desde que assumiu o cargo em Janeiro.
Ambos os líderes reafirmaram “a vontade de fortalecer e modernizar o Mercosul” e procurar a “inserção internacional do bloco através da modernização de sua estrutura tarifária e condução das negociações de acordos comerciais em andamento”, incluindo com União Europeia, EFTA (Associação Europeia de Livre-Comércio) e Canadá, de acordo com o comunicado conjunto divulgado na quinta-feira.