Não há candidatos e é impossível organizar a votação a 4 de Julho, dizem os conselheiros. Manifestações exigiam anulações destas eleições. Não foi anunciada nova data.
O Tribunal Constitucional da Argélia adiou as eleições presidenciais que estavam marcadas para 4 de Julho, por não haver candidatos. Estas eleições são também rejeitadas pelos manifestantes, que continuam nas ruas há 15 semanas, mesmo depois de ter sido afastado o Presidente Abdelaziz Bouteflika, obrigado a demitir-se a 2 de Abril pelos protestos nas ruas.
Não foi marcada nova data para as presidenciais. O anúncio do Tribunal Constitucional seguiu-se à grande manifestação de sexta-feira, rejeitando a proposta de diálogo feita durante a semana pelo chefe de Estado maior do Exército, o general Ahmed Gaid Salah. “Não há diálogo com o ‘gang’ no poder”, gritava-se nas ruas, segundo o Le Monde.
“Issaba” ou “gang” era a palavra usada para descrever os dirigentes argelinos já durante a presidência de Bouteflika.
Segundo o Público, os protestos evocaram também a morte do médico e activista pelos direitos humanos Kamel Eddine Fekhar, que ao fim de 50 dias de greve de fome, morreu no hospital onde estava sob detenção por denunciar os abusos cometidos contra a minoria étnica mozabita na Argélia.
O seu advogado disse que a morte de Fekhar foi “um crime” orquestrado pelas “autoridades judiciais de Gardaia”, a região onde vive essa minoria – uma tribo berbere nativa do Norte do Sara que segue o rito ibadita do Islão.
Além de Argel, a capital, os protestos contra o “poder assassino” continuam a ter grande força em Ora, Constantino e Annaba, a segunda, terceira e quarta maiores cidades argelinas, segundo jornalistas locais, citados pelo Le Monde.
Dizem que não querem o Presidente interino que sucedeu a Bouteflika, Abdelkader Bensalah, rejeitam as eleições que tinha marcado para 4 de Julho.
Logo depois de serem marcadas, magistrados e advogados protestaram frente ao Ministério da Justiça, pedindo que a transição e organização sejam feitas por uma autoridade civil e não ligada ao regime do ex-Presidente Abdelaziz Bouteflika.
O chefe do exército concentra todos os rancores. “O povo e o exército são irmãos, mas Gaihd Salah está com os traidores”, grita-se nas ruas.
A repressão policial das manifestações tem aumentado. Muitos manifestantes foram presos, as mochilas dos jornalistas revistadas, há muitos agentes policiais à civil, relatam os media.