VOA
A crise de combustíveis na província angolana da Huíla prossegue e agora, para além das viaturas de particulares, chegou à indústria.
O presidente de direcção da Associação Agro-pecuária, Comercial e Industrial da Huíla, Paulo Gaspar, diz mesmo que a escassez de combustível forçou algumas empresas locais a reduzir a produção para cerca de 50 por cento.
Gaspar, que afirma temer o pior, faz notar que várias empresas viram-se obrigadas a fechar temporariamente as portas, com os sectores da construção civil, indústria e os transportes como os mais afectados.
“Estamos em risco, se esta crise continuar, de mais empresas fecharem temporariamente as portas. Todas as empresas não têm acesso aos combustíveis, esse é o grande problema! Há empresários ligados ao sector dos transportes que também tiveram que paralisar os camiões por falta de combustível, mas também já está a afectar até o sector da construção civil”, denuncia.
O industrial Valdemar Ribeiro revela que a crise de combustível está a levar os empresários a sobreviverem do que chamou de “esquemas”.
O também economista alerta para o facto de a crise não ser nova e diz que ela decorre da depreciação da moeda nacional.
“É um problema que começou quando o Governo permitiu a desvalorização cambial. Esta é uma forma que o FMI propõe em geral a todos os governos, agora cada Executivo tem que ter a sabedoria de aplicá-la no seu próprio país”, explica Ribeiro, acrescentando que “as populações e as empresas não suportam uma desvalorização tão acelerada”.
Para o economista Carlos Apapa, a solução do problema do acesso aos combustíveis em Angola passa pela construção de refinarias.
“Nós não podemos permanentemente continuar a depender das importações dos combustíveis. Primeiro nós temos que ver a questão das refinarias, é prioridade é fundamental e é estratégico para o país. Temos uma vantagem comparativa, somos produtores do petróleo e se refinássemos exportaríamos aos países vizinhos”, defende Apapa, para quem este “é o ponto-chave da economia nacional”.
A escassez de combustível afecta igualmente o fornecimento de luz eléctrica no Lubango, que observa neste momento um apertado plano de restrições devido à incapacidade de geração da central termo-eléctrica da Arimba que consome milhares de metros cúbicos de gasóleo por dia.