Duas importantes organizações sociais de Cabinda rejeitaram uma proposta da nova liderança do Forum Cabindês para o Diálogo para contactos que levem à unidade das diversas organizações do território.
Alexandre Kuanga, da Associação de Desenvolvimento, Cultura e Direitos Humanos de Cabinda diz que o Fórum Cabindês parara o Diálogo é mais uma extensão do partido no poder em Cabinda.
“O FCD é uma organização satélite do MPLA em Cabinda, não tem qualquer legitimidade para contactar quem quer que seja aqui em Cabinda”, disse.
“O povo não lhe reconhece porque não representa as suas aspirações para a sua autodeterminação”, acrescentou.
Arão Tempo, outro activista e coordenador do Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para Sua Soberania diz que do ponto de vista da lei o Fórum Cabindês já não existe.
“Esta organização já não existe por isso não tem qualquer legitimidade neste momento para poder agrupar outros movimentos que lutam pela autodeterminação das pessoas”, disse afirmando que Maurício Nzulu, que diz ser o novo líder interino do Fórum, é um militar das Forças Armadas Angolanas (FAA).
“Maurício Nzulu é um general das FAA na reforma”, disse.
“Que legitimidade tem ele que depois de anos na armada nunca implementou nenhum projecto social ou económico em Cabinda? o povo aqui a morrer e ele vem agora dizer que vai reagrupar outras forças, nós não nos revemos em nenhum FCD, aliás o povo não o reconhece”, acrescentou.
O Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD) diz estar disponível para unir os pequenos grupos reivindicadores existentes em Cabinda.
A organização, que no passado assinou com o Governo angolano um acordo de entendimento, vai realizar brevemente o seu congresso para eleger um novo presidente, depois do seu coordenador, Bento Bembe, ter assumido o lugar de deputado do MPLA.
O antigo secretário de Estado para os Direitos Humanos do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, António Bento Bembe, já não faz parte do FCD.
“Bento Bembe não faz parte do Fórum Cabindês para o Diálogo FCD a partir do momento que ele decidiu ser deputado da bancada parlamentar do MPLA”, revelou à VOA o general Maurício Amado Nzulu, antigo vice-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas para Área Social.
Nzulu assegurou estar interinamente em frente dos destinos do FCD e prometeu realizar eleições brevemente para “procurar unir os pequenos grupos” que reivindicam direitos em Cabinda.
“Queremos revitalizar as bases do Fórum Cabindês para o Diálogo e esperamos congregar todas as organizações contestatárias de Cabinda”, admitiu
A VOA tentou contactar António Bento Bembe mas sem sucesso.