Um funcionário do Caminho-de-Ferro de Luanda perdeu, ontem, os cinco dedos de uma das mãos, quando tentava desligar as mangueiras da locomotiva em andamento, durante uma acção de vandalismo que visava impedir a saída do comboio da estação dos Muceques, no bairro do Tunga Ngo, no distrito do Rangel, que pretendia efectuar os serviços mínimos, conforme estabelecido pela greve, que dura há 25 dias.
Na acção desencadeada ontem, de acordo com o porta-voz do Caminho-de-Ferro de Luanda, cinco outros grevistas ficaram com ferimentos ligeiros, quando tentavam impedir, às 7 horas, a saída do comboio da estação dos Musseques, no Rangel, que devia rumar para Viana.
Augusto Osório disse ao Jornal de Angola que os trabalhadores implicados no acto de vandalismo vão ser responsabilizados, disciplinar e criminalmente.
Sem adiantar o número de trabalhadores implicados nessa acção, Augusto Osório disse que a Polícia Nacional já identificou os prevaricadores, seis horas depois de terem impedido o funcionamento dos serviços mínimos entre a estação do Bungo e Viana. Nas próximas horas vão ser encaminhados para as entidades de direito.
O porta-voz considerou um acto de desobediência e de desacato às autoridades a manifestação e, acima de tudo, de desrespeito e violação dos princípios da greve. Por isso, continuou, os autores devem responder perante à justiça.
Além de se manifestar desiludido pelo comportamento anti-social e pouco patriótico por parte dos grevistas, Augusto Osório disse que está preocupado com as constantes ameaças de morte que tem recebido por parte dos mesmo, incluindo a sua família.
“A situação está cada vez mais preocupante pelo facto de existir trabalhadores que criam um ambiente de desordem, calúnias e desrespeito às autoridades”, lamentou o porta-voz do CFL, que garante o retorno dos serviços mínimos a partir de hoje.
Para impedir os grevistas a procederem o mesmo acto e garantir o normal funcionamento dos serviços ferroviários entre Bungo e a estação de Viana, frisou o porta-voz, foi colocado no local e nas proximidades agentes da Polícia Nacional.
O representante dos grevistas, Lourenço Contreiras justificou que o impedimento da saída do comboio ontem era uma forma de se manifestar contra a decisão do Conselho de Administração da empresa em colocar para a realização de serviços mínimos, trabalhadores que neste momento assumem cargos de direcção.
Lourenço Contreiras frisou que existe um documento assinado pela entidade empregadora que suspende os serviços mínimos e que para a sua retomada tinha de haver um acordo ou entendimento entre a comissão negociadora.
O responsável dos grevistas garantiu que enquanto a entidade empregadora não resolver o 19º ponto do caderno reivindicativo sobre o aumento salarial, na ordem dos 80 por cento, os trabalhadores vão continuar em greve por tempo indeterminado.