Os trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Luanda decidiram ontem, em plenário, manter a greve, que já vigora há quase 15 dias, por tempo indeterminado, enquanto não forem atendidas as suas reivindicações, essencialmente um aumento de 80% dos salários.
A informação foi avançada à agência Lusa, pelo secretário para os assuntos jurídicos do sindicato de trabalhadores do Caminho-de-Ferro de Luanda, que hoje realizaram uma assembleia para analisar o apelo da Inspecção-geral do Trabalho e a administração da empresa para o fim da greve.
Dias Kinquela disse que deveriam participar do encontro representantes da Inspecção-geral do Trabalho e do Conselho de Administração da empresa, mas os representantes das duas instituições não compareceram.
“A greve não foi suspensa, os trabalhadores só querem retomar os serviços com a resolução do aumento salarial, o apelo da Inspecção-geral do Trabalho infelizmente não foi aceite”, disse o sindicalista.
Segundo Dias Kinquela, 70% das reivindicações constantes do caderno não foram até ao momento atendidas.
O secretário para os assuntos jurídicos do sindicato alegou ainda que o Ministério dos Transportes, entidade de tutela do Caminho-de-Ferro de Luanda, tem feito ameaças, contudo a greve por tempo indeterminado vai prosseguir.
“O Ministério dos Transportes ameaça com outras medias, como a própria Lei da Greve fala em requisição civil, mas nem com isso os trabalhadores têm medo, a greve foi declara por tempo indeterminado e os trabalhadores acham que enquanto todos os pontos não forem solucionados, principalmente o ponto que tem a ver com o incremento salarial, não vão retomar os serviços”, frisou.
Na terça-feira, foi realizado o primeiro encontro entre as partes, desde o arranque da greve no passado dia 18 deste mês, tendo a entidade empregadora e a Inspecção-geral do Trabalho apelado ao fim da greve.
O CFL diz que “o aumento dos salários será feito de forma faseada, dependendo do aumento da produtividade da empresa, através do plano de negócios reestruturado e da aplicação do novo tarifário a ser definido pelo Governo”.
Esta é a segunda greve que os trabalhadores do CFL realizam este ano, depois da primeira em Janeiro, que teve a duração de 14 dias.
Desde há quase duas semanas que a circulação dos comboios está paralisada, inclusive a mínima exigida por lei, por iniciativa da empresa, alegando questões de segurança.
Em comunicado, o CFL anunciou a suspensão da circulação dos dois comboios obrigatórios por lei, em caso de greve, ao fim de seis dias da paralisação dos trabalhos, sublinhando não haver data para o recomeço das viagens.
De acordo com a direcção da empresa, um dos comboios circulou sem a devida autorização do Posto de Comando, situação que colocou em risco a segurança pública durante as passagens de nível, salientando que a greve tem sido marcada por actos de desobediência das normas de segurança.