26 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Cidadãos de Inhambane forçados a entregar cartões de eleitor

PARTILHAR

DW África

A RENAMO diz que a entrega dos cartões de eleitor aos secretários dos bairros em Inhambane é uma manobra do partido no poder, mas a FRELIMO nega as acusações. Administração eleitoral distancia-se da “querela partidária”.

A denúncia de que os eleitores estão a ser forçados a entregar os seus cartões de eleitor foi feita esta terça-feira (30.04) pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), durante um debate sobre a avaliação do processo eleitoral, organizado pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) em Inhambane.

Segundo Abelardo Guambe, mandatário da RENAMO, várias pessoas, incluindo funcionários públicos, são forçados a entregar os cartões aos secretários dos bairros e chefes de quarteirão, numa tentativa clara de “manipular o eleitor”.

Um cidadão residente em Inhambane, que solicitou o anonimato por temer represálias, contou à DW África que já lhe foi exigido o cartão do eleitor. “Eu ainda não me recenseei, mas o secretário do bairro já veio pedir o cartão. Só que não cheguei a entregar porque não tenho o cartão. Para que fim ele queria o cartão, não sei”, relata.

Face a esta situação, a representação da RENAMO em Inhambane lançou um apelo para que tais actos sejam denunciados junto das autoridades, por forma a evitar a continuação deste tipo de prática. “A partir do momento em que se faz a entrega dos dados, o eleitor sente-se comprometido com o dia da votação. Apelamos a todos que denunciem tais práticas aos órgãos da justiça”, pediu.

STAE distancia-se de “querela partidária”

Por seu lado, Nelson Joaquim, mandatário da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), acusa a RENAMO de tentar mobilizar os membros do partido no poder a não se recensearem, porque já possuem o “cartão vermelho” da FRELIMO. “Esta atitude não é boa. A RENAMO está a adoptar esta estratégia para desviar as atenções dos membros da FRELIMO. Isso para nós é uma grande preocupação, porque se aparece alguém a dizer às pessoas para não se recensearem por serem portadores do cartão de membro da FRELIMO, essa informação é falsa”, afirma.

José Belmiro, vogal do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), afirma que a sua instituição distancia-se destas querelas políticas entre partidos. “Os órgãos eleitorais distanciam-se claramente e condenam toda a tentativa de subverter o processo. Pretendemos que este processo eleitoral seja justo, transparente e que, no fim, todos os actores políticos possam aceitar os resultados”, sublinha.

O responsável do STAE lança ainda um apelo para que seja denunciada junto das autoridades competentes qualquer atitude que possa manchar o processo em curso: “A existir situações ilegais, elas devem ser canalizadas às autoridades da justiça.”

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Botswana e Moçambique duas visões opostas da África Austral

Estes últimos dias, ocorreu uma história de duas transições na África Austral. Primeiro as boas notícias. O Botswana, com...

Vários mortos nas manifestações em Moçambique

Várias cidades de Moçambique foram este sábado (02.11) palco de protestos contra os resultados eleitorais. Há registo de, pelo...

Tensão política em Moçambique atinge ponto crítico após eleições contestadas

Os moçambicanos preparam-se para mais turbulência política na sequência do apelo do líder da oposição, Mondlane, para uma semana...

Crise política agrava-se em Moçambique com manifestantes e jornalistas atacados esta manhã em Maputo pela polícia

A Polícia moçambicana dispersou esta manhã, 21 de outubro, uma manifestação no centro de Maputo, convocada pelo candidato presidencial...