“Não quero ser extremista na minha apreciação. À primeira vista é um apoio muito estranho, mas pensando melhor e friamente vejo que é uma forma de vingança”, afirmou Mário Carrascalão, em entrevista à agência Lusa.
Nas eleições presidenciais, realizadas em março e abril, o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do primeiro-ministro Xanana Gusmão, apoiou o atual Presidente, Taur Matan Ruak.
O apoio de José Ramos-Horta ao PD foi anunciado a seguir à primeira volta das eleições presidenciais e após não ter conseguido passar à segunda volta e ser reeleito para o cargo.
Este mês, o antigo Presidente timorense e o PD selaram o acordo com a assinatura de um memorando de entendimento, que incluiu também a Associação Social-Democrata Timorense (ASDT).
“Se virmos as coisas com a cabeça fria, verificamos que há uma espécie de tripla ‘traição’ cometida pelo líder do CNRT (Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste), que é o primeiro-ministro”, afirmou o também vice-presidente do Partido Social-Democrata (PSD).
Segundo Mário Carrascalão, a primeira traição política cometida por Xanana Gusmão foi contra o seu atual vice-primeiro-ministro, José Luís Guterres, que se candidatou às presidenciais sem o seu apoio.
“A segunda traição é praticada em relação ao presidente do parlamento (Fernando La Sama de Araújo, líder do PD), um dos principais partidos da Aliança de Maioria Parlamentar, e que tem viabilizado muitos projetos de lei do Governo”, disse o também vice-presidente do Partido Social-Democrata (PSD, liderado por Zacarias da Costa.
A terceira traição, acrescentou Mário Carrascalão, foi feita a José Ramos-Horta.
“O antigo Presidente tinha como posição inicial de não se recandidatar ao segundo mandato, mas ganhou coragem para o fazer depois de uma reunião com os parceiros do desenvolvimento em que o primeiro-ministro apresentou o plano estratégico de desenvolvimento nacional e disse aos presentes que quem iria implementar aquele plano seria ele e Ramos-Horta”, afirmou.
Segundo o deputado social-democrata, após de ter dado a entender que o apoiava Ramos-Horta, o primeiro-ministro decidiu apoiar Taur Matan Ruak.
Nas terceiras legislativas de Timor-Leste participam 21 partidos e coligações, que se encontram em campanha eleitoral até 04 de julho.
FONTE: Lusa