A justiça e o bem comum correm o risco de serem afectados gravemente pelo mau uso das redes sociais, perdendo o seu papel de regulador da boa e sã convivência que sempre exerceram na sociedade, considerou nesta sexta-feira, em Luanda, o secretário de Estado da Comunicação Social, Celso Malovoloneke.
Durante o workshop, promovido pelo Secretariado para os Assuntos de Comunicação e Imprensa do Presidente da República, sobre as “Fake News e desinformação”, Celso Malovoloneke explicou que essa situação deve-se à medida que o anormal se apresenta como normal. “Valores que até então tidos como garantidamente negativos são quase consagrados, afectando a própria verdade”.
Em relação à capacidade comunicacional que as redes sociais oferecem aos cidadãos comuns, o secretário de Estado referiu que era antes um apanágio apenas dos jornalistas, que para isso, eram cuidadosamente preparados tecnicamente e deontologicamente.
Referiu que o rigor, a objectividade, o contraditório, o cruzamento dos factos e o compromisso inegociável com a verdade, eram valores que instilados nos candidatos do exercício do também chamado “quarto poder”, no sentido de garantir o consumo por parte da sociedade de uma informação credível e comprometida com os valores positivos.
Porém, o dirigente referiu que com o advento das redes sócias, esta capacidade de remeter informação para o consumo da sociedade, foi capturada pelo cidadão comum, que quase dispensa o jornalista enquanto intermediário entre ele e a notícia.
Já a directora do Diário de Notícia de Portugal, Ana Constantino, convidada a dissertar sobre a “Fake News e desinformação”, descreveu a desinformação e as redes sociais como instrumentos que ajudam na disseminação da falsa informação.
Segundo a Jornalista, as notícias falsas espalham-se facilmente devido a forma de funcionamento das redes sociais (Facebook, Twitter e Google), que permite as escolhas das informações através daquilo que mais e emocionalmente interessante para as pessoas.
Face à situação, Ana Constantino disse existir várias formas de travar a desinformação, sublinhando a necessidade de haver um jornalismo mais rigoroso, verdadeiro e ligado aos factos.
“ Em vários Estados e instituições como a União Europeia estão a tentar pôr algumas regras na distribuição das informações nas redes sociais, no sentido de contrapor a disseminação fácil das Fake News”, referiu.
Aos cidadãos, a palestrante chama atenção para a necessidade de terem atenção, a nível das redes sociais, as matérias publicadas com os títulos em capitulares (letras maiúsculas), que na maior parte são notícias falsas.
Aos jornalistas, a directora do Diário de Notícia adverte que devem usar de forma inteligente as redes sociais (Facebook), sendo ela uma fonte de informação como outra qualquer, pois o importante é ter cuidado e agir com rigor e dúvida.
Participaram no workshop jornalistas dos órgãos públicos e privados, bem como representantes do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa dos diversos órgãos ministerial.