O mercado da BCA, localizado nos arredores da 5ª Avenida, no Município do Cazenga, vai ser transferido para o quintalão da FILDA, disse ao Novo Jornal Online fonte da administração do Cazenga.
A famosa praça da BCA é conhecida por ser o maior centro de venda de produtos de cesta básica a nível da Província de Luanda, e o nome surgiu através da proximidade entre o mercado e a Base Central de Abastecimento das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Victor Nataniel Narciso “Tany Narciso”, administrador municipal do Cazenga, garantiu que o processo de negociação com a direção da FILDA decorre a bom ritmo, chegando mesmo a afirmar que houve vontade da parte desta em passar a titularidade do espaço ao mercado.
O responsável assegurou que estão a ser criadas as condições para a transferência dos vendedores para o quintalão da FILDA.
” Há tempos, tivemos um encontro com os vendedores e explicámos que iremos transferi-los, mas no dia seguinte houve uma invasão do espaço e tivemos que intervir rapidamente”, disse.
“No entanto, temos de organizar o espaço, colocar bancadas, sombras, melhorar o acesso ao recinto e as condições de higiene e trabalho”.
O administrador do Cazenga afirmou ter criado uma comissão preparatória para tratar do assunto, tendo acrescentado: “A praça da BCA não é um bem mercado. São três ruas que foram ocupadas para comercializarem produtos e se transformaram num autêntico mercado informal”.
“Agora, há a necessidade de melhorar o acesso, para arrancarmos com as obras na 5ª Avenida, e, para que isso aconteça, o mercado terá mesmo de sair ainda este ano”, explicou, sem, no entanto, avançar uma data.
O administrador deu como exemplo o mercado da Kianda no Kicolo, junto à estrada de Cacuaco, que também era uma rua transformada em praça pelos vendedores.
“A rua já foi asfaltada e todos os vendedores foram transferidos para o mercado do Kicolo e do Panga- Panga”, garantiu.
Sobre o processo de transferência, o Novo Jornal Online apurou no local a satisfação dos moradores e vendedores, face à iniciativa da administração do Cazenga.
É o caso de Jacinta Miguel, que vende há 17 anos naquele local: “Para mim será melhor sairmos daqui, porque na verdade isto são ruas e não há condições de higiene. Quando chove é um deus nos acuda”, acrescentando: “Os moradores aqui não têm paz. Na verdade, quando há óbito não vendemos e às vezes há mesmo confusão porque eles querem realizar o óbito e nós queremos vender “, contou.
Albertina António, moradora na zona há 26 anos, não tinha conhecimento da transferência do mercado: ” A praça vai ser transferida?” questionou com satisfação. “Não sabes o quando esperávamos por essa notícia”, disse.
A jovem Telma Patrícia, de 25 anos, é de opinião que a transferência se realize: ” Isto é uma rua e não uma praça, e as ruas são para os moradores e as praças são para os vendedores. Não conseguimos educar as crianças porque não temos praticamente ruas para as crianças brincarem e isso tira-nos a paz”.
Edna Maria, vendedora há 17 anos, não consegue disfarçar a satisfação pelo facto de virem a ser transferidos para o recinto da FILDA, porque vai ficar muito próxima de casa.
“Tínhamos medo de sermos transferidos para um outro local muito distante daqui, como aconteceu com o mercado da Estalagem e do Roque Santeiro. Na FILDA ficaremos melhor”.
Também o casal André e Teresa Bongue, moradores na rua da pracinha desde 1996, se mostraram contentes com a transferência do mercado.
André e Teresa Bongue, provenientes de Kwanza Norte, disseram ao Novo Jornal Online que desde que lá habitam nunca tiveram sossego por causa da movimentação de pessoas e mercadorias que tornam o bairro muito violento.
“Agradecemos muito, se assim for. Tomara que seja o mais breve possível”, afirmaram. (Novo Jornal Online)