A reportagem do Jornal de Angola constatou que os jovens que fazem este tipo de trabalho consideram tratar-se de uma oportunidade primária para a satisfação das suas necessidades e para sustentar as famílias, devido à falta de emprego. Emílio César, um jovem de 18 anos que reside no bairro da Assaca, afirmou que lava carros há dois anos por falta de emprego. “Dedico-me a esta actividade porque ainda não encontrei emprego, por isso vou remediando, sem perder a paciência de um dia encontrar uma ocupação mais digna”, disse. Quando começou a lavar carros, enfrentou várias dificuldades e teve de encarar com paciência a maneira como as pessoas tratam quem pratica esta actividade.
“No princípio foi difícil conformar-me com o tratamento de muitos utentes de viaturas, que no fim pagam com dificuldade o serviço prestado, mas actualmente alguns já começam a valorizar o nosso trabalho”, disse o jovem.
Diariamente, ganha à volta de 3.500 kwanzas, com os quais compra o seu vestuário e material escolar. Manuel Kissongo é outro jovem que se dedica à actividade de lavar carros numa estação de serviço, em vez de exercer a profissão de mecânico, devido à pouca oferta neste ramo.
O seu salário mensal é de 13 mil kwanzas, que servem para sustentar a família.
Para ele, “a falta de oportunidades para a juventude, relativamente ao primeiro emprego e a auferir um salário razoável, que permitam criar as condições básicas de vida, é um problema que tem dificultado a afirmação dos jovens na sociedade”. Abílio Manuel também encontrou na actividade de lavagem de carros e motociclos o meio para conseguir satisfazer as suas necessidades e as da família. Garante que a média diária de rendimento ronda entre 1.000 e 2.500 kwanzas.