Os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe adotaram, neste domingo, uma série de sanções contra a Síria, que passam a valer imediatamente. A possibilidade de uma intervenção internacional no país, que reprime violentamente os protestos contra o governo do presidente Bachar Al-Assad, não foi excluída.
A intervenção pode acontecer caso o mundo árabe, sozinho, não consiga cessar o banho de sangue na Síria, onde pelo menos 3,5 mil pessoas já morreram desde o início das manifestações, em março. Os árabes dizem privilegiar uma solução regional à crise na Síria e preferem que não aconteça uma intervenção internacional para interromper a violência contra a população civil. Mas o primeiro-ministro do Catar indicou que as potências estrangeiras podem vir a intervir se julgarem os esforços da Liga “insuficientemente sérios”. “Tudo que fazemos é para evitar tal ingerência”, afirmou.
O anúncio das sanções, obtidas em votação por uma ampla maioria, foi feito pelo primeiro-ministro do Catar, Hamad ben Jassem al-Sani, ao final de uma reunião extraordinária, no Cairo, dos ministros árabes das Relações Exteriores. As sanções incluem um congelamento de transações comerciais com o governo sírio e de contas bancárias do governo com os países árabes que devem ser aplicadas imediatamente.
“A decisão entre em vigor imediatamente, a partir de hoje”, declarou al-Sani.
Também fazem parte do pacote, a suspensão de ligações aéreas entre os países árabes e a Síria e ainda a proibição de viagem aos países do bloco de uma lista de personalidades do regime que ainda deverá ser definida na semana que vem.
Os investimentos no país também ficam interrompidos, de acordo com as medidas aprovadas por 19 dos 21 países da Liga Árabe que votaram já que a Síria está suspensa da organização. O Iraque e o Líbano se abstiveram, segundo Al-Sani.
As medidas foram discutidas no sábado pelos ministros de Economia e Finanças reunidos na capital egípcia.É primeira vez que a Liga Árabe aplica um conjunto de sanções econômicas a um país membro da organização.
As medidas foram adotadas após a recusa do governo sírio de respeitar o ultimato dados para o regime respeitar um plano de saída para a crise que previa o fim da violência das foraçs de segurança e o envio de uma missão de observadores ao país.
As sanções dos seus vizinhos árabes devem complicar ainda mais a situação econômica da Síria, que já sofre as consequências de embargos anunciados pelos Estados Unidos e União Europeia.
Repressão
Apesar das ameaças da Liga Árabe, as forças governamentais continuaram suas operações em diversas regiões do país neste domingo, provocando a morte de pelo menos 10 pessoas e ferindo outras 25, segundo o Observatório Sírio de Defesa dos Direitos Humanos.
Entre as vítimas estão 5 civis da cidade de Homs, na região central do país, distante 160 quilômetros de Damasco e um na cidade vizinha de Qousseir, vítima de tiros disparados a partir de teto de imóveis.
Violentos confrontos opuseram durante a manhã grupos de desertores do exército e militares na região de Talbissé, próximo de Homs, segundo relatos de testemunhas ouvidas pelo observatório. Dois caminhões que levavam tropas foram atingidos por tiros e deixaram 4 feridos.
Em Rankouss, nos arredores de Damasco, dois civis foram mortos e 13 pessoas ficaram feridas após interpelações das forças militares.
Em Deir Ezzor, leste do país, dois civis foram mortos e vários outros feridos pelas forças de segurança que atiraram contra pessoas reunidas em um funeral. As autoridades sírias confirmaram a morte de 12 pessoas armadas e ter promovido diversas detenções durante confrontos com “grupos terroristas” na região de Homs.
A Agência oficial Sana também informou que confrontos foram registrados em Idleb, na região noroeste e Deraa, ao sul. No sábado, 35 pessoas morreram no país, sendo 23 civis.
Fonte: RFI
Foto: Reteurs