O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, e o líder do movimento Hamas, Khaled Meshal, assinaram quinta-feira, no Cairo, um acordo para uma “parceria” que leve a um governo de unidade nos territórios palestinos e a eleições dentro de um ano.
Analistas consideram que o grupo radical islâmico, que controla a Faixa de Gaza, sai mais fortalecido do acordo com Fatah, que lhe vai possibilitar a conquista de uma parcela significativa do poder político também na Cisjordânia, nas eleições previstas para Maio do próximo ano. A Autoridade Palestina também está enfraquecida economicamente, depois de o governo israelita ter bloqueado as taxas de importação, em represália à admissão do Estado palestino à UNESCO.
As duas partes vão voltar a reunir em 20 de Dezembro, para discutir a reestruturação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), grupo chefiado por Mahmoud Abbas e do qual faz parte o seu movimento moderado Fatah.
O Hamas não participa na OLP e procura um papel na organização, que inclui vários grupos palestinos.
“Não existem mais diferenças entre nós. O que é mais importante é chegar a um acordo como parceiros e dividir a nossa responsabilidade para com o nosso povo e a nossa causa”, disse o presidente Mahmoud Abbas. Khaled Meshal disse, por seu turno, que os dois negociadores abriram uma “nova página” nas relações entre as duas organizações, acrescentando que vai levar algum tempo até colocar em prática os acordos assinados, mas não entrou em detalhes. Mahmoud Abbas queria que o seu primeiro-ministro na Cisjordânia, o economista Salam Fayyad, fosse chefe interino do governo de coligação, mas o Hamas rejeitou a sugestão.
Ainda não está claro se Mahmoud Abbas desistiu da candidatura de Salam Fayyad, um economista respeitado no Ocidente, após as conversações.
O vice-primeiro-ministro israelita, Silvan Shalon, afirmou que a reconciliação entre as duas facções políticas entrra toda a possibilidade de um eventual regresso às negociações de paz, paralisadas há mais de um ano.”Não se pode conversar com um governo no qual um dos membros quer o fim de Israel”.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: AFP