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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Ordenamento do território resulta em eficácia económica

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os países lusófonos estiveram, de 8 a 10 do corrente, a discutir no sumbe sobre a problemática das cidades. (foto: victor pedro) - portal de angola
Os países lusófonos estiveram, de 8 a 10 do corrente, a discutir no Sumbe sobre a problemática das cidades.
(Foto: Victor Pedro)

Fórum internacional sobre arquitectura realizado no Sumbe apelou aos participantes para criarem políticas exequíveis  que permitam garantir uma maior mobilidade nas cidades.

Os arquitectos presen­tes no fórum Inter­nacional do Sumbe, província do Kwan­za-Sul, que decorreu de 8 a 10 deste mês, reconhecem que esforços, da parte das autori­dades angolanas, estão a ser fei­tos no sentido de garantir que os novos aglomerados habitacionais em construção respondam aos padrões modernos da arquitec­tura internacional.

O tema “Cidades, vilas e patri­mónio”, que centrou as discussões dos arquitectos provenientes de Angola (que albergou), Brasil, Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Macau serviu para abordar acerca da cidade que se pretende e a que se tem, neste momento. Outro fundamento da realização do encontro é ava­liar-se “a tendência de cresci­mento versus atropelamento do existente e a ênfase que se está a dar ao património”, visão que tem orientado a actividade dos profissionais de arquitectura em Angola, segundo o bastonário da da ordem, Victor Leonel.

Origem histórica

Uma voz autorizada, presente no Sumbe, para esta reflexão é a do arquitecto António Gameiro, con­sultor do ministro do Urbanismo, para quem as cidades actuais são produtos de muitos anos de his­tória, com uma enorme carga cultural e arquitectónica, resul­tantes de iniciativas da época colonial e um pouco da era pós–independência.

O arquitecto António Gameiro disse ser importante a definição de uma política urbanística nacional e o aproveitamento da capacidade de auto-construção das famílias angolanas para uma maior orien­tação do que se pretende como urbanização das cidades, vilas e bairros. Para ele, as centralidades não devem ser edificadas longe dos actuais aglomerados populacionais para se permitir que a mobilidade urbana se faça de forma dinâmica e com maior celeridade.

O projecto de requalificação da Baía do Mindelo, em Cabo Verde, no contexto de desenvolvimento da ilha de São Vicente foi uma excelente amostra de como ini­ciativas privadas podem interagir com os poderes públicos na pro­cura de melhores soluções para problemas comuns, uma vez que a questão da arquitectura e da urbanização afecta a todos sem excepção. Apresentadas pelo bas­tonário da Ordem dos Arquitectos desse país do arquipélago afri­cano, César Freitas, as experiên­cias cabo-verdianas valem para a realidade angolana, porquanto o turismo tem provado, também, ser uma fonte de geração de emprego e de recursos financeiros, o que passa pela concepção de projec­tos atractivos, dinâmicos e bas­tante modernos.

Reacções

agilson gustavo, arquitecto. (foto: isaque lourenço) - portal de angola
Agilson Gustavo, arquitecto.
(Foto: Isaque Lourenço)

O jovem arquitecto Agilson Gus­tavo disse que a Centralidade do Kilamba é uma verdadeira amos­tra de como o Executivo tem procurado respeitar as normas internacionais, uma vez que nela se ressalta um cumprimento em mais de 90 por cento dos parâme­tros do urbanismo, no caso a pre­visão de estacionamento, para os moradores, espaçamento entre vias com dimensão aceitável, além dos espaços verdes que abundam e as quadras desportivas que estão em cada bloco de edifícios que cons­tituem a cidade.

“Os asmáticos devem estar muito contentes quando vão para o Kilamba, pois é, neste momento, dos poucos, se não o único, lugar da cidade em que se observou ao rigor o princípio de gestão do microclima e defesa contra o aque­cimento global”, disse.

Desconhecendo a organização de uma grande parte das cidades africanas, o arquitecto Agilson Gustavo disse que, dependendo da organização urbana, a Centra­lidade do Kilamba pode competir com muitas outras do continente, tendo ainda enaltecido o facto de neste assentamento as esco­las estarem fixadas também nos respectivos blocos, permitindo assim, quando em funcionamento efectivo, que as crianças, sobre­tudo, deixem de percorrer longos quilómetros ao encontro destas instituições. “Isso diminui a fuga escolar e motiva o aumento dos níveis de aprendizagem dos meninos, que não sentem a pres­são de atravessar longas aveni­das”, lembra.

fábia lubaque, arquitecta (foto: isaque lourenço) - portal de angola
Fábia Lubaque, arquitecta
(Foto: Isaque Lourenço)

Por sua vez, a arquitecta Fábia Lubaque disse que Angola pre­cisa tão-somente de seguir os caminhos definidos pela arqui­tectura internacional e, uma vez terminado o conflito que levou à pressão demográfica na capital Luanda, há necessidade de vol­tar-se aos programas originais. Para ela, a requalificação ou reno­vação assume-se em muitos casos como o melhor caminho. Con­tudo, lembra que a arquitectura apesar de buscar o belo tem de priorizar o funcional. Nisso, ela enaltece o facto de as centralida­des estarem já ajustadas à reali­dade nacional.

“Como sabe, as nossas famílias são numerosas em grande medida. Vale o facto de as tipologias serem em T3, o mínimo, e T5, o máximo, o que permite que as famílias coa­bitem harmoniosamente, evitando que o interior das habitações res­peitem os padrões de divisão de espaço para evitar-se que outros compartimentos sejam alterados para fins de dormitórios”, disse.

O também arquitecto Lean­dro Sicato disse que as nossas cidades, hoje por hoje, perderam parte da sua essência antropoló­gica. Os modelos africanos foram sendo substituídos por estilos europeus, medida que tem for­çado as famílias a uma adapta­ção agressiva.

Leandro Sicato é de opinião que as centralidades precisam de melhorar a acessibilidade, pois os actuais modelos não são inclusivos, sendo a dificuldade de lá residirem portadores de deficiência uma clara referên­cia desse pormenor.

“Há muito pouco enquadra­mento entre o tipo de habitação disponível com os modelos de comportamento das famílias que vão lá habitar”, afirma. (Jornal de Economia & Finanças)

Por: Isaque Lourenço

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