Ideias confusas e intranquilidade defensiva levaram o 1º de Agosto a ficar à mercê do arqui-rival Petro de Luanda, no controlo do comando do Girabola, ao empatar (2-2), frente ao Wiliete de Benguela, ontem, no Estádio Nacional 11 de Novembro, em jogo de conclusão da 3ª jornada do campeonato.
A ambição de conquista do “penta”, quinto título consecutivo, conheceu um ligeiro revés, que pode obrigar a um esforço suplementar no segundo turno da principal prova do futebol nacional, casos os tricolores sejam bem-sucedidos nas partidas por realizar frente à Académica do Lobito e ao Sagrada Esperança, face à possibilidade de atingir os 34 pontos, suficientes para suplantar os 33 do opositor.
Obra de arte de Bugos
Cerca de 25 minutos sem discernimento custaram aos militares do Rio Seco uma inesperada desvantagem de dois golos, quando ainda procurava entender a mudança táctica introduzida pelo estreante Albano César, na equipa benguelense, 15º classificado, 15 pontos. E a contrariedade começou a ser escrita aos sete minutos, quando Bugos, numa execução de compêndio de um livre à entrada, mandou Mabululu recolher a bola dentro da baliza.
Os campeões nacionais tentaram reagir ao golo sofrido, mas não foram capazes de esconder o desacerto emocional, sobretudo o central Jó Vidal, muito inseguro na parelha de centrais com Bobó, pecha evidenciada aos 18 minutos quando fez o auto-golo, clara falta de comunicação do guarda-redes. Ficou claro que o patrão da defesa é Bonifácio, ausente por ter atingido o quinto cartão amarelo.
Como se estivesse a confirmar a “Lei de Marphy”, quase todos os lances com o envolvimento de Jó corria mal para os rubro e negros. O defesa era superado com facilidade por Odilon, avançado encorpado que deixava o sector mais recuado com a cabeça às voltas, nomeadamente no jogo em profundidade, inclusive diante da oposição do experiente e respeitado Bobó.
Estava traçada a tarefa hercúlea que os pupilos do português Paulo Duarte tinha de cumprir por forma a evitar a queda com estrondo em casa, numa partida em que nem o empate entrava nas cogitações, a julgar pelo percurso ascendente assinado na prova, bem como o facto de o adversário ter ficado um mês sem competir. Aliás, aos 23 minutos, a bola chegou a estar pela terceira vez na baliza dos tetracampeões, que foram poupados da descrença total por fora-de-jogo tirado a Maria Pia.
Do banco saíam instruções para o regresso à tranquilidade, apesar do quadro adverso. Com o criativo Bito a passar ao lado do jogo, quiçá por ter sido lançado como médio interior, ao contrário da habitual função de flanqueador, Zini e Melono eram os mais inconformados, enquanto o hondurenha Bryan Moya parecia algo indefinido no lançamento das acções ofensivas, à semelhança de Edmilson, muito dedicado ao processo defensivo.
Reacção antes do intervalo
Mais próximo dos níveis de concentração, o 1º de Agosto respondeu ao adiamento do Wiliete. Se aos 37 minutos o golo de Melono Dala foi invalidado, por adiantamento em relação ao penúltimo defensor, aos 40 minutos Zini, assistido por Moya, encurtou o atraso no marcador. O jovem avançado teve nervos de aço para partir as asas a Mig, guarda-redes pregado a relva com uma simulação de remate, e fazer balançar as redes.
Apostados em fechar a primeira volta com um triunfo e consequente consolidação da liderança, os homens do antigo RI-20 forçaram a nota, à procura do empate antes do soar do apito do árbitro Mbuga Nkazi para o intervalo. A cortina defensiva ensaiada pelos conjunto da terra das acácias rubras tapava todos os caminhos que pudessem dar à baliza de Mig, jogador seguro no jogo aéreo, sem perder de vista a determinação na saída dos postes.
O regresso dos balneários acabou por ser a continuidade do quadro pintado nos instantes finais da primeira parte. Sem meios humanos que os permitisse travar uma disputa equilibrada, os forasteiros foram obrigados a recuar no terreno, reacção aproveitada pelos donos da casa, que chegaram ao empate aos 56 minutos, por Zini, num lance de assinalável escolaridade futebolística, dada a forma como desbaratou a defesa, antes de desferir o remate certeiro.
Até ao fim da partida o que se assistiu foi o domínio do 1º de Agosto, que pode se queixar de um penaltie por assinalar, a sancionar puxão de Alexandre a Moya. O empate acabou por ser um prémio para o Wiliete, pela ousadia no início da abordagem do desafio, num claro aproveitamento do candidato à conquista do título, algo sonolento e aburguesado na recepção a um visitante quase condenado a perder, sem precisar de jogar.